IDENTIDADE DE GÊNERO, (IN)VISIBILIDADE E MILITÂNCIA TRANS NOS CANAIS MANDY CANDY E THIESSITA DO YOUTUBE

Autores

  • Stephanie Caroline Ferreira de Lima
  • Idilva Maria Pires Germano

Resumo

Decorrente de pesquisa de Mestrado da autora, esta apresentação oral analisa as narrativas de si apresentadas nos canais Mandy Candy e Thiessita no YouTube das influenciadoras digitais trans-femininas com a maior quantidade de seguidores do Brasil. Os objetivos desta pesquisa foram: discutir sobre militância online a partir das narrativas das youtubers; compreender seus posicionamentos ao se confrontarem com as normas de gênero, enquanto relacionados à exposição de si e à sua performance nos vídeos; e compreender de que maneira suas experiências são apresentadas como referencial de estética corporal, de consumo e de ativismo para a audiência. Foram analisados 15 vídeos, tendo em vista aspectos narrativos e imagéticos, por meio de crítica imanente da apropriação de discursos de mobilização política LGBTQIA+ pelas empresas de comunicação online embasadas na lógica neoliberal. Esta pesquisa se apoia no referencial teórico-metodológico da Psicologia Social Crítica, em especial os trabalhos desenvolvidos por Ciampa, Lima e Almeida, que discutem as negociações identitárias que se dão em narrativas de si. Também se alinha à perspectiva de Bento, Melo e Jesus sobre a despatologização da identidade trans e à crítica à cisheteronormatividade, discurso que torna abjetos os corpos distantes de padrões estéticos e performativos consolidados como normais. Conclui-se que a exposição de si na internet vem sendo potencializadora do debate sobre o caráter político-ativista da identidade de gênero e mostra o agenciamento da (in)visibilidade trans. Por outro lado, as militâncias parecem correr o risco de sofrer cooptação mercadológica, pois a lógica neoliberal abrange aspectos político-econômicos e culturais, pressupondo a inclusão pelo consumo como solução de desigualdades sociais. Assim, o ativismo no YouTube arrisca-se a oferecer um reconhecimento perverso frente à diversidade identitária.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação