IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS DA POBREZA NA PERMANÊNCIA DE ESTUDANTES DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DO CEARÁ

Autores

  • MÁrcia Kelma de Alencar Abreu
  • Veronica Morais Ximenes

Resumo

As políticas de democratização no Ensino Superior público do Brasil, que culminaram a partir da Lei de Cotas em 2012, ampliaram as oportunidades de acesso aos grupos historicamente excluídos. O objetivo geral desta tese consiste em analisar como as implicações psicossociais da pobreza impactam na permanência destes estudantes. Empregou-se abordagem de pesquisa mista em duas Universidades: Universidade Federal do Ceará e Universidade Regional do Cariri. Na etapa quantitativa, constituiu-se amostra de 251 sujeitos, e utilizou-se questionários on line, cujos dados foram analisados com estatísticas descritivas, análises de variância e modelos de regressão. Na etapa qualitativa, participaram 8 estudantes por meio de entrevistas semiestruturadas. Os resultados revelam que as assimetrias educacionais e sociais, impulsionadas pela ideologia meritocrática, fazem emergir o desempenho acadêmico como foco, o que impacta nas vivências de discriminação cotidiana e no equilíbrio emocional. Conclui-se que as políticas assistenciais estudantis respondem às principais demandas dos estudantes. No entanto, não abrangem as necessidades materiais de todos. Identificou-se que estudantes mais pobres vivenciam mais discriminação cotidiana, percebem menos suporte social e têm piores índices de equilíbrio emocional. Nas vivências discriminatórias, intersectam-se motivos atravessados pela pobreza, como raça, gênero, aparência física, nível sócio econômico, orientação sexual, ser cotista, rendimento acadêmico. Identificou-se como mecanismos de enfrentamento: o suporte social; as estratégias coletivas (asserção, enfrentamento, cooperação e polarização); e as estratégias individuais (invisibilidade, desempenho acadêmico, participação em outros espaços formativos). Conclui-se que dar visibilidade à temática da pobreza e suas implicações psicossociais faz-se fundamental para tensionar o campo de forças que sustenta as desigualdades e assimetrias no meio acadêmico.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação