JOÃO CABRAL DE MELO NETO: 100 ANOS, E AINDA O LEITOR

Resumo

Este trabalho compreende uma reflexão crítica acerca de exercícios de leitura, feitos pelo poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), tratando-os como fundamentais para a feitura de sua obra poético-crítica. Nosso propósito é pensar de que modo a face leitora de João Cabral contribuiu para o seu processo escritural, em poesia. Para tanto, explicaremos, de Paulo Freire, o que pode significar a “palavramundo”, expressão retirada da conferência “A importância do ato de ler” (1991), ao passo em que traçaremos um rápido percurso das relações estabelecidas por João Cabral, antes mesmo de publicar seu primeiro livro, Pedra do sono (1941), com exercícios variados de leitura – assim como a importância que João Cabral continuou a atribuir a eles, mesmo depois de ser reconhecido como poeta. Além disso, é nosso interesse interpretar, em poemas cabralinos, realizações para o assunto, a fim de que a obra deste poeta, que faria 100 anos em 2020, seja apresentada aos possíveis leitores como lugar de compreensão e de re-interpretação para circunstâncias variadas, ligadas à condição humana, em sua diversidade e complexidade. Com isso, mais que certa “atualidade”, trataremos de uma permanência para a obra do poeta, sobretudo para os poemas de seus livros. Finalmente, além da conferência freiriana, um motivo norteador e condutor para nossa discussão será a linguagem poética cabralina.