KLEBER MENDONÇA FILHO: PERCURSOS E ESTRATÉGIAS NO CAMPO CINEMATOGRÁFICO NACIONAL

Resumo

O texto versa reconstruir o percurso de realização do crítico e cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho e a circunscrição de sua obra na constelação de produções da cinematografia nacional. O mergulho pelos caminhos que configuram as mobilizações do realizador pernambucano alude para questões que apontam dubiedades encarnadas nas posições de alguns agentes do campo cinematográfico: se por um lado, Mendonça Filho ocupa a posição de dominante no circuito local (pernambucano); por outro, ele ocupa uma posição de dominado no circuito do dito cinema nacional. Dois momentos marcam a trajetória cinematográfica do realizador: (1) o período que vai do fim da década de 1990 até o fim da primeira década deste século, momento no qual o autor tem sua obra marcada pela produção de curtas-metragens e documentários; e (2) o período que inicia em 2012 e demarca sua incursão na realização de longas-metragens de ficção, com o lançamento de O Som ao Redor. A esta comunicação interessa o segundo momento, uma vez que é este período histórico no qual a produção de Kleber desperta efetivamente o interesse nacional (crítica e público) e o coloca também no circuito de prêmios nacionais e internacionais. Em decorrência disto, o realizador adquire uma nova envergadura no campo cinematográfico, tornando-se mais competitivo. Esta redefinição de posições dentro do campo cinematográfico abre margem para uma análise das escolhas de Kleber Mendonça Filho. Se, ao produzir O Som ao Redor, o realizador lança mão de uma produção com caráter independente, fortemente preocupado com as regas autônomas do campo, no contexto da produção de Aquarius, o cineasta, gozando de maior capital dentro e fora do campo, acaba por tomar posições que se preocupam com fórmulas já estabelecidas e que garantem maior interesse do público não-produtor de bens simbólicos (BOURDIEU, 1996), ou seja, o grande público.