NARRATIVAS DE ÁGUA E FOGO NA CHAPADA DO APODI
Resumo
Mesmo que o debate sobre a “solução moderna” para o problema da seca seja bastante antigo, a segunda metade do século XX inaugura a construção das obras suntuosas e a chegada efetiva do agronegócio na região da Chapada do Apodi, no Estado do Rio Grande do Norte. Com o redirecionamento político-econômico e social, após os anos de 1990, a orientação da política de irrigação fundamentou o projeto “Novo Modelo de Irrigação”. Seus objetivos se circunscreveram em apresentar estratégias que estimulassem o investimento privado em todas as fases da irrigação. A expansão da agricultura irrigada, sob o domínio dos grandes negócios, na Chapada do Apodi, vem deixando marcas profundas no território, materializando um quadro de intensa transformação sócio-ambiental. O objetivo desse trabalho, portanto, é compreender os impactos das principais obras de irrigação que chegam a Apodi no início do século XXI têm sobre as comunidades rurais e como são apresentados pelo discurso oficial e pelos agricultores. Como fontes, além dos relatórios produzidos pelo DNOCS, foram realizadas um conjunto de entrevistas com os agricultores das regiões afetadas. De maneira simbólica, estas entrevistas foram divididas em narrativas de terra, água e fogo. Falam sobre o avanço da técnica e da tecnologia sobre os manejos e saberes tradicionais camponeses; falam sobre as interconexões comunitárias e a percepção de problemas e lutas em comum; falam também sobre as raízes profundas do desejo de permanecer na terra, não por uma questão apenas jurídica, da posse, mas por que ela representa um meio e um modo de vida que se quer com sucessão. Longe de serem narrativas isoladas, terra, água e fogo representam a simbiose da luta por direitos com o discurso e os saberes camponeses.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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