NOS RASTROS DOS MEDOS, NAS TRILHAS DAS RESISTÊNCIAS: INDÍCIOS DE TÁTICAS E DE ESTRATÉGIAS À “PEDAGOGIA DO MEDO” NA DOCUMENTAÇÃO DA PRIMEIRA VISITAÇÃO DO SANTO OFÍCIO AO BRASIL (SÉC. XVI).
Resumo
Nos últimos anos a produção historiográfica sobre a atuação do Santo Ofício no Brasil vem desnudando e propondo diferentes abordagens sobre novos temas e antigas questões. Não parece haver dúvidas, por exemplo, acerca do alcance social dos discursos e das práticas de controle e de intimidação exercidos pelos inquisidores e seus representantes, seja em Portugal ou nos espaços coloniais portugueses do além-mar – representando aquilo que o historiador Bartolomé Bennassar chamou de “pedagogia do medo”. Nesta comunicação, nosso objetivo é refletir sobre os limites e as possibilidades do alcance desta “pedagogia” no Brasil colonial, a fim de entender as relações dialógicas entre medo e resistência, ou seja, entre, de um lado, a instrumentalização e operacionalização de uma pedagogia que – flutuando entre a “justiça e a misericórdia” – objetivava o controle das consciências e, de outro, a adoção de comportamentos de autopreservação (individual ou coletiva) pelos indivíduos suspeitos em questões de moral e de fé. Para tanto, serão discutidos alguns casos registrados na documentação da primeira visitação inquisitorial ao Brasil, entre 1591-1595, a fim de evidenciar que concomitante ao “pânico generalizado” provocado pela presença da Inquisição, pode-se perceber nesta documentação indícios significativos sobre a tomada de consciência diante do perigo real (ou imaginário) representado pelo Santo Ofício e a adoção de comportamentos planejados (estratégias) ou improvisados (táticas) que representavam algum tipo de (micro) resistência cotidiana ao exercício policialesco inquisitorial.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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