O ENCANTAMENTO DA REALIDADE EM DON QUIJOTE E LOS RÍOS PROFUNDOS

Autores

  • Elayne Castro Correia
  • Roseli Barros Cunha

Resumo

Na obra El ingenioso hidalgo Don Quijote de La Mancha ([1605/1615] 2005), de Miguel Saavedra de Cervantes (1547-1616), a leitura é mais que um ponto de partida, é um tema, visto que a própria narrativa se configura em torno dela: um fidalgo que, de tanto ler, desvaria e encanta a realidade à procura do mundo suscitado pelos livros. O presente trabalho objetiva tecer relações, a partir do método comparatista, entre a obra citada e Los ríos profundos ([1958] 2016), de José María Arguedas (1911-1969), segundo a hipótese de que o personagem secundário Valle, um profícuo leitor, encanta a realidade, ao modo quixotesco, prefigurando, assim, os efeitos da leitura. Geralmente, associam a influência de Don Quijote ao modo como o narrador-personagem do romance de Arguedas, Ernesto, idealiza o passado incaico, em comparação ao passado cavalheiresco, como também as viagens com seu pai, a melancolia ou o emprego da oralidade. Por sua vez, este trabalho se mostra relevante por propor dar luz à figura de Valle, que, além de citar Quixote em suas falas, entusiasma-se além do esperado com a luta entre Rondinel e Ernesto, o que imprime ao leitor a possibilidade de interpretar que a personagem é leitora de Quixote e, como consequência, incorporou seu modo de encantar a realidade. Para se chegar a este resultado, autores, como Casalduero (1949), Martín Morán (2006), Aurora Egido (2006) e Maria Augusta Vieira (2012), foram essenciais, porque propõem justamente a importância da leitura para o desenrolar dos fatos em Don Quixote, o que corrobora a defesa de Valle também encanta, por meio da leitura, a realidade.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação