O FUNDAMENTO DA GÊNESE DO SER SOCIAL NA ONTOLOGIA DE GYÖRGY LUKÁCS

Resumo

O filósofo húngaro György Lukács realiza uma análise ontológica que remete ao conhecimento de determinadas premissas fundamentais para a compreensão da gênese do ser social. Pode-se sustentar que, em Lukács, o processo do trabalho, enquanto estrutura fundamental para a fundação e o desenvolvimento do ser social, se relaciona diretamente com a constituição do ser humano. Daí a necessidade de se investigar a função do trabalho na ontologia de Lukács, sem esquecer as contribuições de Karl Marx para a compreensão da formação do ser social, pois em seus Manuscritos econômicos-filosóficos a categoria do trabalho já é apresentada como sendo produtora e reprodutora da vida social humana, caracterizando uma exposição ontológica do ser social fundamentado no materialismo dialético, sem reduzir a imagem de mundo a uma concepção meramente economicista. Partindo desses argumentos de tais pensadores, pretendemos explicitar os elementos que contribuem para a compreensão do processo de trabalho, concebido como fundamento da gênese do ser social. Para tanto tomamos como orientação metodológica a pesquisa de âmbito teórico, partindo da análise da obra Para uma ontologia do ser social¬ relativo à abordagem da categoria de trabalho e de seu papel na constituição do ser social.Desse modo, evidenciamos que, em Lukács, torna-se viável uma investigação sobre o salto ontológico que conduz o ser orgânico para o ser social. Portanto, a nova concepção de ser, inaugurada por Marx e desenvolvida na ontologia de Lukács, rompe com as concepções tradicionais acerca do ser social, reconhecendo o caráter histórico dinâmico para a sua compreensão. Assim, o trabalho, na concepção de Marx e Lukács, contribui para a superação da animalidade e para o salto em direção à constituição do ser social ocorrido gradualmente. Esta pesquisa é decorrente do projeto de mestrado em Filosofia com bolsa financiada pela FUNCAP. A ela os nossos agradecimentos.