O TRABALHO EM TERRAS ALHEIAS: REFLEXÕES SOBRE A MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES PARA AS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DO AÇUDE ARARAS (DÉCADA DE 1950)

Autores

  • Francisco Magnel Carvalho Rodrigues
  • Frederico de Castro Neves

Resumo

Analisamos no presente texto as condições de trabalho e os movimentos migratórios de agricultores sem-terra, sertanejos moradores de regiões próximas aos vales do médio curso do Rio Acaraú, na então Zona Sertão Centro Norte do estado do Ceará, em meados do século XX, explicitando as relações econômicas e de poder estabelecidas por estes e os proprietários das terras nas quais viviam e labutavam. Objetivamos, compreender as fragilidades sociais que colocavam os moradores de terras alheias como potenciais retirantes em período de secas, visibilizando algumas políticas cotidianas adotadas por estes sujeitos para conviverem com o meio ambiente e enfrentarem as realidades estruturais de desigualdade de acesso às terras no período estudado, o modo como estes se inseriam na economia de mercado desenvolvendo estratégias de resistências e permanência camponesa. Buscamos alcançar, do ponto de vista dos camponeses da região, o vislumbre das migrações para o trabalho nos serviços de emergências do Açude Araras (1951-1958). Utilizaremos, relatos de história oral analisando os indícios contidos nas falas dos depoentes que apontam para relações em escalas ampliadas, valores sociais e culturais divergentes que orientavam suas condutas, cruzando as informações das experiências pessoais e rememorações dos entrevistados com dados estatísticos e econômicos do recorte. Constatamos, que a concentração de terras era fator preponderante na vida de milhares de sertanejos na época, alastrando-se pelos ramos da vida material e das sociabilidades em geral. Assim, os deslocamentos entre as fazendas em períodos regulares e para as obras de emergência em períodos de secas, juntamente com o trabalho nas roças com base na estrutura familiar, representavam suas opções por viverem e trabalharem no campo, em condições desfavoráveis de subalternidade estrutural. Agradecemos a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo financiamento desta pesquisa.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação