O USO DE REDES SOCIAIS NA PRODUÇÃO DE DISCURSOS SOBRE A GORDOFOBIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO YOUTUBE

Autores

  • Evelyn Cristina de Sousa Penas
  • Idilva Maria Pires Germano

Resumo

O corpo configura-se como marca identitária no cenário contemporâneo, em que o corpo magro é supervalorizado e relega-se ao corpo gordo desprezo e desqualificação. Nomeia-se gordofobia um conjunto de formas de discriminação ou intolerância com base no peso e na forma corporal. Este trabalho é resultado de uma pesquisa exploratória de Mestrado em Psicologia de caráter qualitativo que visa discutir alguns discursos sobre a gordofobia produzidos nas redes sociais digitais, em especial o YouTube. Apoiando-se nas noções de identidade e diferença, analisam-se 3 vídeos brasileiros publicados na plataforma. Visa-se também discutir o papel das redes e do aparato das novas tecnologias da comunicação na disseminação de informação e estratégias de mobilização e combate às formas de discriminação e preconceito, tendo como foco a gordofobia. Os vídeos analisados foram selecionados no YouTube utilizando-se o termo “gordofobia” até 30 de setembro de 2018. Os 3 vídeos mais visualizados foram analisados à luz da análise temática (BRAUN; CLARKE, 2006). Foram elencados três temas: “Saúde como imperativo moral”, “Normatização do corpo e discriminação contra gordos” e “Afirmação da identidade gorda, autoestima e autoaceitação”. Os três vídeos se assemelham por fazerem uma crítica à gordofobia, utilizando-se de estratégias distintas. A partir da análise, pode-se afirmar que essas narrativas são fortalecidas pelo discurso médico-científico, que relaciona a beleza e a saúde ao corpo magro e atribui aos corpos gordos significados de falência moral e morbidade. Os resultados reforçam a importância da abertura à alteridade e às existências contraditórias. Este estudo apresenta um panorama dos discursos sobre o corpo gordo a partir de um recorte limitado, não pretendendo realizar generalizações nem esgotar o debate. [ Esta pesquisa conta com o financiamento da CAPES].

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação