OS DESLOCADOS DA SECA EM MOVIMENTOS SOCIAIS: PASSEATAS, MOTINS E SAQUES (FORTALEZA, DÉCADA DE 1950)

Autores

  • Renata Felipe Monteiro
  • Frederico de Castro Neves

Resumo

Na década de 1950 inúmeros sertanejos deslocavam-se (independentemente do período chuvoso) para Fortaleza em busca de melhores condições de vida, vindos de diversas paragens do Ceará e de outros estados do Nordeste. E durante os períodos de estiagem esses "deslocados da seca" aumentavam demasiadamente, assustando a elite fortalezense. Ao chegarem à capital cearense procuravam abrigo, sobretudo, na Hospedaria Getúlio Vargas, criada na década de 1940 para encaminhar trabalhadores cearenses para a Amazônia para a extração de látex. Enquanto aguardavam passagem para migrar para diversas regiões do país (norte, sudeste, sul e centro-oeste) nas dependências dessa hospedaria envolviam-se em diversos movimentos sociais e políticos. Na seca que atingiu o Ceará em 1951 - que perdurou até 1953 - os sertanejos organizaram passeatas da fome, com o propósito de demonstrar a população de Fortaleza a situação de miséria e penúria no qual se encontravam na respectiva hospedaria. Além disso, participavam de saques aos mercados públicos e feiras livres, já que na hospedaria não havia alimentos para todos os abrigados. Organizavam ainda motins e revoltas,como, por exemplo, a que envolveu o administrador da hospedaria em maio de 1958. O respectivo administrador foi ameaçado pelos "deslocados da seca" por se recusar a distribuir alimentos e alistar outros sujeitos na dependência da hospedaria, tendo que sair daquele lugar sob escolta policial. São esses e outros acontecimentos do cotidiano desses sujeitos abrigados na hospedaria Getúlio Vargas na década de 1950 que pretendemos problematizar, a partir da análise de uma diversidade de fontes - jornais, documentos oficiais, fotografias, história oral, etc.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação