OS DISPOSITIVOS DO "NOVO ENSINO MÉDIO": UMA “NOVA” ESCOLA PARA O FUTURO (QUE FUTURO?)
Resumo
Este trabalho estuda a recente reforma da escola de nível médio no Brasil. Nos últimos tempos, difundiu-se a ideia de que esta etapa está em crise e necessita transitar para algo “novo” que atraia o interesse juvenil. Fala-se de um “apagão” e, por este motivo, a reforma seria urgente. Meu ponto de partida é que a escola reflete o que a sociedade realmente é, e, neste sentido, não está isolada de um contexto de indeterminações, em que, historicamente, o acesso à educação pública foi tardiamente garantido, desigualmente ofertado e socialmente dual. Pretendo construir uma cartografia da reforma, movimentando as peças e montando esse quebra-cabeça: as alterações na legislação educacional e sua estreita vinculação com as medidas econômicas; as justificativas do governo para esta política reformista; as recomendações dos organismos internacionais; e os interesses do grande capital. As hipóteses que pretendo propor-lhes é: (1) a reforma desse nível da educação básica não foi antecedida de discussões com os sujeitos conhecedores da realidade escolar; (2) o que os governos esperam em termos de resultados educacionais, o que o Banco Mundial e a OCDE planejam para a educação e o que o professor sente no cotidiano de sua atividade docente de luta pela sobrevivência e pela formação constante são fatores que se encontram em uma flagrante dissonância; (3) os interesses econômicos privados rondam a escola pública. A pesquisa utiliza como metodologia a análise documental, o estudo das leis propostas durante as reformas recentes, suas implicações nacionais e estaduais (no caso, o estado do Ceará); além de uma observação mais direta da realidade escolar do Ensino Médio, em particular do município de Morada Nova. Os resultados permitem começar a entender o modo como as hipóteses são articuladas na prática e a forma como o atual Governo Federal vem intensificando mudanças que são percebidas como danosas ao campo educacional por parte de seus agentes, em especial, os professores.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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