PARRESIA E MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NO DISCURSO DOS BLOGS JORNALÍSTICOS O ANTAGONISTA E BRASIL 247

Autores

  • Michel Renan Rodrigues de Andrade
  • Luciana Lobo Miranda

Resumo

Com o objetivo de refletir a parresia, termo resgatado por Foucault (2013) e que significa a coragem de dizer a verdade sob o risco, como um dispositivo do verdadeiro no discurso jornalístico que articula as formas de subjetivação, este trabalho vai analisar as notícias produzidas pelos sites jornalísticos O Antagonista e Brasil 247 sob o olhar de conceitos atuais como a pós-verdade, o controle e as formas de modulação do discurso na comunicação. Segundo D’Ancona (2018), o jornalismo enfrenta uma de suas maiores crises, sob a ascensão do contexto da pós-verdade, que faz com que o fato perca o protagonismo narrativo diante das emoções e afetos que um acontecimento tende a despertar. Como reação a este estado, pressupomos que o jornalismo tende a produzir notícias cuja unidade enunciativa está diretamente ligada aos efeitos de identificação, como forma de individuação e captura subjetiva de sua audiência/leitores. Por isso, procuramos refletir sobre essa hipótese analisando as notícias dos sites O Antagonista e Brasil 247 que se posicionam no espectro político como esquerda ou direita, selecionando notícias manchetes (em destaque) de cada site que tratam sobre o ex-presidente Lula, a partir do dia em que ele saiu da cadeia, 8 de novembro até o dia 05 de dezembro de 2019. A escolha deste tema “Lula” se deve pelo histórico acirramento entre as vertentes políticas que as editorias encampam. Para tal, fizemos uma análise das práticas discursivas, compreendendo a notícia como unidades enunciativas que constituem formas discursivas, como entendia Foucault (2008). Concluimos que esses discursos acunhados como verdadeiros, por proveito das estruturas jornalísticas, provocam efeitos de identificação relevantes para os diagramas das relações de poder na sociedade brasileira no que concerne as estratégias que articulam os modos de subjetivação dos indivíduos na sociedade.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação