RUÍNAS DE UMA CASA ASSASSINADA: A POÉTICA DO MAL DE LÚCIO CARDOSO
Resumo
Este trabalho analisa a temática do Mal no romance Crônica da casa assassinada (1959), do mineiro Lúcio Cardoso, considerando a presença do discurso forjado pela tradição cristã para interditar e cercear o desejo, anulando qualquer caminho direcionado ao prazer e ao conhecimento de si. Apesar de castrador, esse discurso não extingue a flamejante chama do desejo, ao contrário, transforma-se em esteio à germinação da semente da rebeldia, geradora de personagens transgressoras de preceitos morais e religiosos. Logo, constata-se a condição humana insatisfeita – eis o sustentáculo imprescindível à difusão do Mal. Na ficção em causa, o interdito das relações, as situações conflituosas, a tragicidade governadora do destino das personagens e as pulsões de vida e de morte geram criaturas atingidas pelo inconformismo e pela revolta, carentes de evasão em suas múltiplas formas: abandono do lar, alcoolismo, loucura e morte. Todos esses temas, circunscritos pelo ambiente agônico da Chácara dos Meneses, em contínuo processo de enclausuramento e demonização, tornam-se relevantes para auscultar a conduta de membros de uma família aristocrata do sul de Minas Gerais, que vive em um permanente estágio de crise emocional, na qual se vislumbram o declínio moral e a ruína financeira. Partiu-se da leitura e anotação dos textos teóricos referentes aos diversos estudos sobre o Mal e da revisão bibliográfica sobre a Crônica da casa assassinada e seu autor. Por fim, comparado o material existente, demonstra-se que o discurso acerca do Mal assume feições antidogmáticas no romance cardosiano.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.