RUÍNAS DE UMA CASA ASSASSINADA: A POÉTICA DO MAL DE LÚCIO CARDOSO

Autores

  • Romildo Biar Monteiro
  • Claudicelio Rodrigues da Silva

Resumo

Este trabalho analisa a temática do Mal no romance Crônica da casa assassinada (1959), do mineiro Lúcio Cardoso, considerando a presença do discurso forjado pela tradição cristã para interditar e cercear o desejo, anulando qualquer caminho direcionado ao prazer e ao conhecimento de si. Apesar de castrador, esse discurso não extingue a flamejante chama do desejo, ao contrário, transforma-se em esteio à germinação da semente da rebeldia, geradora de personagens transgressoras de preceitos morais e religiosos. Logo, constata-se a condição humana insatisfeita – eis o sustentáculo imprescindível à difusão do Mal. Na ficção em causa, o interdito das relações, as situações conflituosas, a tragicidade governadora do destino das personagens e as pulsões de vida e de morte geram criaturas atingidas pelo inconformismo e pela revolta, carentes de evasão em suas múltiplas formas: abandono do lar, alcoolismo, loucura e morte. Todos esses temas, circunscritos pelo ambiente agônico da Chácara dos Meneses, em contínuo processo de enclausuramento e demonização, tornam-se relevantes para auscultar a conduta de membros de uma família aristocrata do sul de Minas Gerais, que vive em um permanente estágio de crise emocional, na qual se vislumbram o declínio moral e a ruína financeira. Partiu-se da leitura e anotação dos textos teóricos referentes aos diversos estudos sobre o Mal e da revisão bibliográfica sobre a Crônica da casa assassinada e seu autor. Por fim, comparado o material existente, demonstra-se que o discurso acerca do Mal assume feições antidogmáticas no romance cardosiano.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação