SALÁRIO DE FOME:O SISTEMA DE PAGAMENTO NAS OBRAS DE EMERGÊNCIA DO BAIXO JAGUARIBE - CE (1958)
Resumo
As obras de emergência eram uma medida do Governo Federal acionada nos períodos de estiagem no Polígono das Secas. Durante todo o início do sec. XX foi comum esse tipo de ação para ocupar a mão de obra de camponeses, colocando-os para trabalharem em canteiros de obras construindo açudes, estradas de rodagem, barragens e canais de irrigação. O pagamento desses sujeitos em 1958 era feito em mercadorias, principalmente alimentos: arroz, feijão, carne de charque, farinha e óleo. Os trabalhadores recebiam vales que eram trocados pelos gêneros alimentícios nos fornecimentos, espaços geridos por comerciantes locais que normalmente ficavam próximos as obras. Foi percebido em 1958 uma série de problemáticas nos fornecimentos: a falta de víveres, carestia dos alimentos, e denúncias de enriquecimento indevido por parte fornecedores. Dito isso, esta pesquisa se propõe a problematizar esse sistema de pagamentos nas obras de emergência em 1958 no Baixo Jaguaribe-CE e as questões em torno dele. Objetivamos refletir sobre a precarização ocasionada por esse sistema: dependência dos trabalhadores ao fornecedor, más condições de vida e fome naqueles espaços. É importante elucidar que este texto faz parte da minha dissertação sobre as experiências dos trabalhadores alistados nas obras de emergência ocorridas no Baixo Jaguaribe-CE em 1958, sendo um capitulo do trabalho completo. Temos como fontes: entrevistas com antigos trabalhadores ou pessoas que conviveram nos espaços das obras; periódicos: Correio da Manhã (RJ), Correio do Ceará (CE) e O Jaguaribe (CE), todos de 1958; relatórios e Boletins do DNOCS. Nossa base teórica foi formada por obras que versam sobre a história social, história política do abastecimento e exploração campesina; respectivamente E. P. Thompson (1980), Linhares e Teixeira (1979) e Francisco Julião (1962).Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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