TERRA, TRABALHO E CONFLITOS AGRÁRIOS EM MIGUEL ALVES, PIAUÍ (1980-2019)

Autores

  • Marcelo Aleff de Oliveira Vieira
  • Euripedes Antonio Funes

Resumo

No presente trabalho procuramos analisar as relações sociais existentes entre fazendeiros e agregados, bem como o processo de intensificação de conflitos agrários no município piauiense de Miguel Alves, entre 1980 e 2019. Temos como objetivos: investigar as formas de exploração, dominação e controle social dos grandes proprietários rurais diante dos trabalhadores pobres; identificar as formas de resistências cotidianas dos subordinados; assim como discutir as lutas abertas e o contexto de organização política dos trabalhadores pelo acesso a posse da terra e outros direitos. Diante do arranjo de contratos, quase sempre verbais, os trabalhadores proibidos de construir moradias, sob constantes ameaças de expulsão, eram obrigados a pagar rendas e prestar serviços aos latifundiários em troca do uso de parcelas da terra. Os patrões procuravam atenuar o cenário de exploração através do estabelecimento de proximidade, troca de favores e doações. Entretanto, a partir da análise das experiências dos trabalhadores identifica-se uma clara consciência antagônica fundamentada por diversos atos de insubordinação, como venda clandestina da amêndoa do babaçu. Tais resistências veladas contribuíram para o acontecimento de diversos conflitos abertos, marcados por perseguições, expulsões, agressões e assassinatos em que a Comissão Pastoral da Terra e o sindicato dos trabalhadores rurais local foram organizações importantes na articulação política dos camponeses. Inferimos que as lutas travadas foram resultado das múltiplas resistências cotidianas em resposta à expropriação e às condições de vida degradantes. Além disso, tais embates foram imprescindíveis para a conquista da posse da terra através da implementação de assentamentos rurais a partir da década de 1990. Utilizamos como fontes entrevistas, jornais, documentos oficiais, livros de crônicas, memórias e poesias. Agradecemos a CAPES pelo financiamento da pesquisa.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação