VERBO ENCARNADO: RESÍDUOS DO SIRVENTÊS MEDIEVAL NA POESIA INSUBMISSA DE ROBERTO PONTES
Resumo
"Verbo encarnado" é um livro de poemas do escritor cearense Roberto Pontes, pertencente à Geração 60 brasileira, em uma de suas vertentes, a do “Protesto Social”, em que pontifica o viés político e insubmisso em decorrência do golpe de 1964. Essa geração está devidamente caracterizada pelo poeta e crítico Pedro Lyra na “Introdução” a "Sincretismo: a poesia da Geração 60". Poesia insubmissa, expressão cunhada por Roberto Pontes (1999), é aquela que não se rende a imposições, que se volta em busca da libertação dos povos que estão sob opressão. O modo poemático insubmisso, na verdade, soa como eco de outro, mediévico, o sirventês, praticado pelos trovadores para fins políticos. A partir desta aproximação entre essa poesia medieval e a produção poética insubmissa de Roberto Pontes em seu livro "Verbo encarnado", nosso trabalho objetiva compreender como esse resíduo de poesia anterior, de cunho social, perpetua-se e reverbera em produções mais atuais, como ocorreu em 1960 (séc. XX) no Brasil. Lançando mão de poemas caracterizados como sirventês e da poesia contemporânea de Roberto Pontes, procederemos a um cotejo que verifique a remanescência de uma mentalidade poética noutra. Para tanto, utilizaremos a Teoria da Residualidade por embasamento teórico, pois ela nos possibilita proceder comparativamente, operando com alguns conceitos fundamentais do corpus analítico como resíduo, mentalidade, imaginário, cristalização, endoculturação e hibridação cultural, facultando ainda a encontrarmos similaridades entre as poéticas indicadas, de modo a comprovarmos a correspondência entre o sirventês e a poesia ponteana.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
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