MAQUINARIAS: INFÂNCIAS EM INVENÇÃO

Resumo

As perspectivas hegemônicas e adultocêntricas que colonizam as participações das infâncias nos territórios são produtoras de uma invisibilização que atravessa suas experiências e relações. Nesse contexto, este trabalho objetiva apresentar as ações que ocorreram em 2019 no projeto de extensão “Maquinarias: infâncias em invenção”, vinculado ao Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC). Por meio da interlocução com infâncias de territórios periféricos, o projeto promove encontros quinzenais com as crianças no espaço comunitário Centro de Cidadania e Valorização Humana (CCVH), na ocupação de Nova Canudos, no Grande Bom Jardim, além de articular seus trânsitos para outros territórios da cidade, possibilitando o uso de outros equipamentos públicos, como o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ). As oficinas lúdicas e o brincar livre, ao maquinarem como dispositivos para o “estar e fazer com” as crianças, e a própria integração entre elas, criam um campo de problematizações das experiências e eventos que as atravessam em seus cotidianos. A perspectiva ético-estético-política impulsionou a abertura das extensionistas às subversões e movimentos do grupo, de modo que as atividades não fossem definidas a priori e nem com objetivos fechados, para que os acontecimentos pudessem emergir em sua potência inventiva. O projeto realizou 16 encontros de abril a dezembro de 2019, como oficinas de construção de brinquedos com materiais recicláveis, modelagem com argila, “sessão cinema”, além de outras atividades. O Maquinarias conta com a parceria de membros do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) e de pessoas da própria comunidade. Pretendeu-se com essas atividades desnaturalizar o “não lugar” de fala tendente às crianças pelas estruturas histórico-culturais e potencializar processos de singularização e participação frente aos desafios que emergem em seus cotidianos.