SOBRE ALGUNS NÓS NA ESCOLA: CONVERSAÇÕES SOBRE SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR

Autores

  • Dejany Natalia Sousa Barros
  • Vladia Jamile dos Santos Jucá
  • Rachel Martins Lemos
  • Tárcila Silva de Lima
  • Vladia Jamile dos Santos Juca

Resumo

O seguinte projeto, vinculado ao Departamento de Psicologia da UFC, surgiu com a proposta de promover espaços de discussão sobre o sofrimento psíquico e seu enfrentamento com adolescentes em uma escola que integra a rede pública e situa-se no grande Bom Jardim, na periferia de Fortaleza. Tais espaços dialogam com os equipamentos tradicionais de saúde, mas procuram operar na perspectiva da promoção da saúde para além da lógica do encaminhamento, apostando na escola como um dispositivo comunitário de cuidado. Oportuniza-se a fala e o compartilhamento de ideias sobre a saúde mental na adolescência, com destaque para os grupos realizados a partir da metodologia denominada “Conversações”. A mesma foi criada como uma estratégia de discussão clínica no campo psicanalítico por Jacque-Allan Miller, sendo depois adaptada para situações geradoras de impasses no contexto escolar por Phillipe Lacadée. Foi finalizado o primeiro grupo de conversações que contou com sete adolescentes, sendo seis garotas e um jovem transexual. As conversações têm se revelado como um caminho potente na produção de um saber por parte das integrantes do grupo sobre o sofrimento cotidiano que articula o dentro e o fora da escola, bem como sobre sua incidência em suas vidas. Por esta trilha, são pensadas coletivamente outras possibilidades de enfrentamento, além das tentativas individuais de defender-se do mal-estar. Ao criarmos condições para que as palavras circulem entre as adolescentes, além possibilitar novas produções de sentido em torno do sofrimento psíquico, também se desenham lugares de reconhecimento e possibilidade de nomeação desse mal-estar. Durante os encontros do grupo, são tecidas redes solidárias entre as participantes, através dos saberes ali produzidos e de ações realizadas conjuntamente, em atos criativos que deslocam as adolescentes da posição do Pathos (do ser afetado pelo sofrimento) para uma posição mais ativa como agentes do cuidado de si, mas também do cuidado compartilhado.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXVIII Encontro de Extensão