A COMPOSIÇÃO DO MONÓLOGO INTERIOR EM UM CONTO DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Resumo

Durante o ano letivo de 2019, o Grupo de Estudos Literários (GELIT) - organizado por alunos monitores de Teoria da Literatura I e Teoria da Literatura II; bolsistas do Programa de Iniciação à Docência – realizou duas grandes séries de encontros, a fim de discutir e explorar diferentes aspectos do estudo da literatura: Literatura e Política (2019.1) e Narratologia (2019.2). O presente trabalho é fruto das discussões e das reflexões desenvolvidas pelo grupo de estudos no que diz respeito à Narratologia. Temos como objetivo descrever e analisar a construção do monólogo interior no conto “Apenas um saxofone”, de Lygia Fagundes Telles. Para isso, utilizaremos como guia o manual “Introdução à análise do romance”, de Yves Reuter, mobilizando os conceitos de instância narrativa e de textualização do discurso, conforme apresentados pelo autor. Teremos como foco central identificar a articulação entre o modo do "mostrar" e o modo do "narrar", bem como verificar a presença e a ausência de diferentes funções do narrador no conto escolhido. Entendemos que o monólogo interior, no conto analisado, constitui-se como uma série de narrativas encaixadas, cuja perspectiva constitui-se de duas formas distintas: trechos homodiegéticos centrados no narrador misturam-se a trechos homodiegéticos centrados no ator. Compreendemos ainda, dedutivamente, que o modo do "mostar" marca o monólogo interior, mas que o modo do "narrar" encontra-se nele encaixado, num movimento que se caracteriza como central para o efeito de interioridade, e que não nos parece previsto por Reuter em seu manual. Além disso, pretendemos explorar a articulação dos saberes no conto, a fim de descrever como a perspectiva adotada interfere na textualização do discurso (narrativização) e, consequentemente, nos valores que norteiam a narrativa.