“A MORTE DE IVAN ILITCH” E O CUIDADO IMPROVÁVEL

Autores

  • Igor Studart de Lucena Feitosa
  • John Christ Costa de Carvalho
  • Sofia Leite Correia Lima
  • Gabrielle Lima Feitosa
  • Francisco Ursino da Silva Neto

Resumo

O objetivo do trabalho é apresentar um exemplo da experiência vivenciada como monitor durante o módulo de Bioética e Cidadania (Ética-da-vida ou Aionética) do 5º semestre do currículo da Faculdade de Medicina da UFC. Tal experiência se chama PensArteCorpo, um exercício ético que fomenta a potencialização da singularidade dos discentes por meio das várias linguagens da arte. Neste caso específico, o tema em foco foi o conceito de cuidado no âmbito da saúde sendo a literatura a arte escolhida. A metodologia empregada foi a hermenêutica. A análise elaborada destacou na novela “A morte de Ivan Ilitch” do escritor russo Liev Tolstoi uma articulação entre pensamento (o cuidado), arte (literatura) e corpo (corpo doente do personagem principal). O cerne da narrativa é o percurso de adoecimento de Ivan Ilitch, um juiz de direito acometido agudamente por uma moléstia que a medicina não determina o diagnóstico preciso. Ele se sente incompreendido em seu sofrimento e suas tentativas de comunicação esbarram ora na comiseração da família e amigos, ora na distância fria dos médicos. Então, surge o personagem Guerassim, um mujique, um criado que, por intermédio de atitudes e gestos de cuidado (o simples ato de levantar as pernas do enfermo), minora a dor excruciante de Ivan. Logo se estabelece uma improvável proximidade entre um servo e o seu patrão. Aqui se interpreta a partir de Gilles Deleuze a eclosão do “espaço intercessor” que possibilita a invenção da “arte do cuidar” mediada pela filosofia da diferença. Em conclusão, a literatura nos ensinou que o autêntico ser da medicina também se faz presente em lugares considerados improváveis.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXVIII Encontro de Iniciação à Docência