ALFRED LORENZER E O ESTATUTO CIENTÍFICO DA PSICANÁLISE

Autores

  • Nicolas Goncalves de Queiroz
  • Ana Beatriz Bezerra Figueiredo Lima
  • Guilherme José Sousa Saraiva
  • Aluisio Ferreira de Lima

Resumo

Em 1938 Freud apontou que a psicanálise é uma ciência natural. Karl Popper, ao contrário, afirmou que a psicanálise jamais poderia almejar o estatuto de ciência. Diante disto, questiona-se: se a psicanálise é uma ciência, que tipo de ciência ela é? O objetivo deste trabalho será apresentar as contribuições de Alfred Lorenzer que, no seu intuito de construção de uma metateoria da psicanálise, fornece-nos uma solução original para a querela de sua cientificidade. Esse teórico nos parece importante por retomar a antiga discussão da diferença entre as ciências da natureza e as ciências do espírito. Lorenzer defende que a compreensão do procedimento psicanalítico não pode partir da autocompreensão que a psicanálise tem de si mesma, nem tampouco de pressupostos filosóficos exteriores a ela. A verdade da psicanálise só pode ser encontrada sob a perspectiva da investigação acerca do que o psicanalista faz. Lorenzer argumenta que, se o desenvolvimento de uma ciência se dá na transformação da linguagem comum em uma linguagem técnica, a compreensão metateórica se estabelece em um sentido inverso: parte-se da linguagem técnica para chegar na linguagem comum. Deste modo, a metateoria se dá no âmbito da discussão do jogo de linguagem. Vemos, neste ponto, o uso do principal conceito do chamado ‘’segundo Wittgenstein’’. Esse conceito não só fornecerá o ponto de partida da discussão metateórica da psicanálise, mas também terá um papel central no modo de pensar o interior da própria teoria psicanalítica, como atesta a nova definição dada ao recalque enquanto a cisão de um jogo de linguagem. Por fim, Lorenzer conclui que a psicanálise é uma ciência do espírito, pois seu principal procedimento é a compreensão. A presente pesquisa, ainda em andamento, pretende a reconstrução do percurso de Lorenzer para a fundamentação da psicanálise, bem como a validade de sua tentativa de sustentar essa discussão no diálogo entre a psicanálise e o pensamento de Wittgenstein.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXVIII Encontro de Iniciação à Docência