LITERATURA E POLÍTICA: UM OLHAR SOBRE OS BRUZUNDANGAS, DE LIMA BARRETO

Resumo

O presente estudo tem como objetivo apresentar a relação entre política e literatura na obra Os Bruzundangas, do escritor Lima Barreto (1881-1922), segundo a ótica de Antonio Candido (1918-2017) (1989). Levando em consideração suas múltiplas acepções, destaca-se, inicialmente, que o termo política é aqui empregado enquanto manifestação individual ou coletiva de exposição e enfrentamento das problemática sociais, conforme apresenta Dallari (1983). O interesse pela análise desse tema surgiu a partir dos encontros do Grupo de Estudos Literários (GELIT), organizado pelos monitores das disciplinas de Teoria da Literatura I e Teoria da Literatura II. Em atividade desde 2016, o grupo tem como objetivo principal desenvolver com os alunos do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC), e demais interessados, atividades de reflexão sobre a literatura. No semestre de 2019.1, trabalhou-se com a temática literatura e política, trazendo para discussão autores e teóricos que nos iluminaram quanto à relação entre estas duas áreas. Todavia, em virtude de uma necessária delimitação, significativos nomes ficaram de fora, entre eles, o de Lima Barreto. Em sua obra Os Bruzundangas, nos deparamos com um autor altamente consciente dos problemas sociais do seu tempo, e que encontra na sua arte um veículo de não apenas exposição, mas de reflexão sobre essa realidade. Como podemos perceber, não se mantendo impassível ante o conjunto de problemas do Brasil do final do séc. XIX e início do séc. XX, Lima Barreto se converte em uma espécie de porta-voz das questões do seu momento. Ao mesmo tempo, sua escrita incita o leitor à reflexão e à ação, congregando, assim, os elementos apresentados por Dallari (1983) para o entendimento de política enquanto forma de ação social. O trabalho aqui desenvolvido não pretende esgotar o assunto, mas, sim, juntar-se a outras análises sobre a obra do autor carioca.