MODERNISMO, MODERNISMOS: DINÂMICAS POLÊMICO-CONTRATUAIS DA LITERATURA BRASILEIRA MODERNISTA

Resumo

Este trabalho voltou-se para uma leitura crítica dos textos literários que atravessaram o movimento modernista paulistano. Pretendemos, por meio de uma análise atenta da produção poética dos diferentes autores que compuseram em maior ou menor medida a Semana de Arte Moderna, pensar como a noção de identidade, tão cara aos movimentos de então, é discursivamente construída e, portanto, agenciada conforme perspectivas e interesses diversos. Nosso principal objetivo, assim, foi pluralizar o que em geral se entende por Modernismo – especialmente no que toca à dita “fase heroica” –, a fim de mostrar, afinal, como um período literário não se constitui de modo uniforme, mas é, ao contrário, produto de dinâmicas polêmico-contratuais. Para tanto, procedemos, em um grupo de estudos conduzido por nós ao longo do primeiro semestre de 2019, à leitura de poemas, manifestos e ensaios escritos por Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Raul Bopp, Ronald de Carvalho, Menotti Del Picchia e Mário de Andrade. O minicurso visava a promover encontros semanais para debater as obras desses escritores e refletir a respeito de suas compatibilidades e incompatibilidades no que se refere à concepção de uma identidade brasileira e de suas representações literárias. Por fim, concluímos, através de um mapeamento dos vetores temático-figurativos criados pelos investimentos semânticos e ideológicos dos discursos, que, por um lado, os textos do primeiro tempo do modernismo brasileiro compartilham de uma historicidade em comum, mas que, por outro, apresentam também uma franca disputa quanto àquela que seria a verdadeira narrativa histórica do Brasil.