A BIOÉTICA DE HANS JONAS E A HEURÍSTICA DA INDÚSTRIA DA CARNE

Autores

  • Maria Fernanda Montes Ribeiro
  • Flavio Jose Moreira Goncalves

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo central discutir a ideia de responsabilidade ecoteológica como sentido ético da obra jonasiana, focando na problemática da indústria da carne e no valor moral envolvido no consumo desenfreado de alimentos de origem animal. Para tanto, é preciso, antes de tudo, compreendermos a representatividade cultural que o consumo da carne possui e os impactos ambientais que essa prática tem causado. O que entra em questão nesse trabalho é a heurística de ignorar ou não o que a indústria da carne perpetua em nome de uma tradição. Em seu principal escrito sobre ética, Hans Jonas propõe uma nova visão para a ética e um novo sentido para a responsabilidade. Na base de sua fundamentação de uma teoria da responsabilidade, destacam-se três pontos: 1) a crítica às éticas da tradição; 2) o problema da técnica; 3) a heurística do temor. Assim, consoante dados da Organização das Nações Unidas, até o ano de 2050, duas em cada três pessoas não terão acesso à água. Ainda segundo a ONU, é a atividade agropecuária a principal responsável pelo uso da água. 70% de toda a água consumida no mundo é pelo agronegócio, número que se eleva para 72% no caso do Brasil. Esse número se entrelaça diretamente com a indústria da carne quando vemos que a indústria da carne não só é a maior consumidora de água do mundo, como também é a maior consumidora de grãos. No Brasil, por exemplo, 78% dos grãos cultivados são destinados à pecuária. Para se ter uma ideia mais clara dessa problemática, basta pensar que, para a produção de um hambúrguer animal, são gastos 15,4 mil litros de água. Esses dados evidenciam não somente o risco que a vida está correndo, mas também o acentuamento das desigualdades sociais que surgirá com a escassez da água. Destarte, o trabalho visa realizar um estudo sobre a ética presente na indústria da carne e no consumo desta, levando em consideração os riscos que essa prática apresenta para a própria existência da vida humana.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica