“A GENTE COMBINAMOS DE NÃO MORRER”: NARRATIVAS LITERÁRIAS CONTRA O GENOCÍDIO NO CONTO DE CONCEIÇÃO EVARISTO.

Autores

  • Kessia Kelly Rodrigues Pereira
  • Atilio Bergamini Junior

Resumo

O projeto no qual esta pesquisa se insere está situado no campo de estudos de narrativas literárias sobre as temáticas do genocídio e do etnocídio. O presente trabalho visa analisar as narrativas sobre o genocídio negro presentes no conto “A gente combinamos de não morrer”, do livro Olhos d’água (2016), da escritora negra mineira Conceição Evaristo. Em suas narrações, os personagens do conto evidenciam uma série de processos que culminam no extermínio dos jovens do morro onde vivem. Compreende-se o genocídio como um processo sistemático que se utiliza de diversas técnicas para extinguir, desde o período colonial, determinados grupos sociais, sobretudo negros e indígenas. Dialogando com Abdias do Nascimento, O genocídio do negro brasileiro (2016), e Walter Benjamin, Sobre o conceito de história (1987), investiga-se a apresentação da realidade social do povo negro brasileiro na literatura contemporânea de Evaristo por meio dos personagens do conto. A partir dessas leituras, é possível observar que as situações apresentadas pela literatura denunciam a realidade de um país onde a cada vinte e três minutos morre um jovem negro, segundo dados do Mapa da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Além disso, a autora utiliza-se da escrita literária para questionar as convenções sociais de culpabilização, que, com Bernardo Kucinski, denominamos “terrorismo institucional”, feitas em caráter de justificativa para o genocídio cotidiano. A realização desta pesquisa foi viabilizada pelo financiamento do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal do Ceará (PIBIC/UFC) e, posteriormente, pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica