A GÊNESE DO DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA DE SI COMO FIGURA DA UNIDADE ENTRE CERTEZA E VERDADE DA CONSCIÊNCIA
Resumo
Hegel afirma na introdução da Fenomenologia do Espírito que, apesar de parecer correto o cuidado de proceder uma investigação sobre a natureza e os limites do conhecer antes de abordar qualquer outro tema na filosofia, tal cuidado esbarra num paradoxo, pois, se considerarmos que o conhecer é um instrumento que aplicamos aos objetos para obter a verdade, deveremos desconfiar de que tal aplicação altere o objeto de nosso conhecer; por outro lado, se considerarmos o conhecimento como um meio pelo qual passivamente apreendemos os objetos, também poderemos desconfiar de que um tal meio conforme a si os objetos que por ele passem. Em todo caso, parece que o problema consiste justamente em recorrer a um intermediário, que, em vez de nos abrir o conhecimento, opera justamente o oposto: esconde o objeto de nosso conhecer sob o véu do inescrutável. Tal cuidado criticado por Hegel é precisamente aquele da crítica kantiana, que põe como tarefa primordial da filosofia a determinação do estatuto e dos limites de nosso conhecer e que o leva a distinguir entre o fenômeno e a coisa em si como realidades irreconciliáveis. A fim de superar esse dualismo de Kant, a Fenomenologia do Espírito descreve uma metodologia dialética que a consciência pode operar por si mesma, de modo necessário, e que tem por meta alcançar o momento da identidade entre o objetivo e o subjetivo. Porém, a consciência falha neste objetivo em suas três primeiras tentativas: a certeza sensível, a percepção e o entendimento, pois têm como principal característica a disjunção entre consciência e objeto e, consequentemente, entre a certeza e a verdade da consciência. Essa meta posta no início da investigação só é alcançada na consciência de si, pois só nela a consciência é objeto para si mesma. O objetivo deste trabalho é demonstrar como a consciência de si cumpre essa meta da filosofia de Hegel através da relação entre consciências, constituindo a antítese do abstratismo criticado na introdução.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XXXVIII Encontro de Iniciação Científica
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