A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES DE PRESTÍGIO SOCIAL NO PROCESSAMENTO DA CORREFERÊNCIA ANAFÓRICA

Autores

  • Willamy Matos dos Santos
  • Elisangela Nogueira Teixeira

Resumo

No âmbito da Psicolinguística, estuda-se o processamento anafórico de pronomes nulos e plenos, com o objetivo de compreender o papel de pronomes no estabelecimento de uma relação com as entidades referenciadas. Carminati (2002) sugere que os pronomes nulos tendem a retomar os antecedentes na posição de sujeito e os pronomes plenos, os de posição relativamente mais baixa que os sujeitos. Tais estudos centraram-se sobretudo no exame das propriedades sintáticas da correferência. O estudo aqui proposto pretende explorar aspectos desconsiderados por parte desses trabalhos, buscando investigar possíveis influências semânticas durante o processamento correferencial. Para tanto, escolhemos um aspecto de prestígio social intrínseco à semântica de nomes de profissões, como médico e enfermeiro, em que a profissão de médico tem mais prestígio social do que a de enfermeiro. Desenhamos um estudo para buscarmos evidências do processamento durante a compreensão leitora de orações ambíguas por meio de um teste off-line. Para isso, foram manipuladas três variáveis independentes: a posição sintática do nome de prestígio, o tipo de pronome e o conteúdo da oração em que está o pronome da retomada. Os resultados obtidos evidenciaram que, em condições com o conteúdo positivo, as relações de prestígio social agiram de maneira neutra na resolução da ambiguidade. Por outro lado, em condições com o conteúdo negativo, percebemos uma influência semântica ao haver um aumento percentual, em relação às frases de conteúdo positivo, no número de correferência com o sujeito, quando se tratava de pronome nulo, e com o objeto, quando se tratava de pronome pleno. De um modo geral, os resultados sugerem que houve influência do prestígio social na identificação do termo correferente, ainda que tenhamos observado que não foi suficientemente forte para alterar a tendência sintática de correferir o nulo à posição mais alta da oração, como nos mostrou Carminati (2002) para línguas pro-drop.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica