ACCOUNTABILITY EDUCACIONAL NO ENSINO SUPERIOR: AS INFLUÊNCIAS DO ENADE NA PRÁTICA DOCENTE

Resumo

O resumo traduz a pesquisa relacionada a influência do Exame Nacional de Avaliação do Desempenho do Estudante (ENADE) para o exercício da prática docente em Instituições de Ensino Superior (IES). Para tal fim, selecionou-se duas IES localizadas na cidade de Fortaleza/CE, uma de natureza pública e outra privada, adotando-se como recorte investigativo o Curso de graduação em Administração. A análise abrangeu o levantamento das alterações ocorridas nas grades curriculares do referido curso, durante as duas primeiras décadas do século XXI, sob as influências do Enade 2006, 2009 e 2012. Tendo como método de pesquisa a Análise de Conteúdo, definindo as principais categorias e inferências a serem identificadas, adotou-se como percurso metodológico três vertentes, sendo elas: a) quanto ao objetivo da pesquisa: exploratória; b) quanto aos procedimentos da pesquisa: qualitativa-quantitativa; e c) quanto às fontes de informação: pesquisa documental-bibliográfica. Problematiza-se como os docentes modificam, ou não, suas ações acadêmicas por conta deste modelo avaliativo, imerso no mundo social a cada dia mais subsumido à lógica ultraliberal de mercantilização e empresariamento da educação. Neste cenário a autonomia dos docentes nas IES públicas e privadas é reduzida pelos dispositivos de controle estabelecidos – accountability educacional (responsabilização, prestação de contas e avaliação) –, o que induz: modificações no formato de questões e avaliações para adequação ao modelo proposto pelo exame; e ainda mudanças nos planos de ensino e nos conteúdos programáticos por conta desta avaliação. Diante do exposto tem-se como resultado preliminar da pesquisa que o ENADE influencia tanto no processo de fragmentação do curso de graduação em administração, como condiciona o ensino-aprendizagem as competências que vão ser avaliadas e cobradas no exame, que visam atender apenas a lógica e necessidades do capital. reduzindo a criticidade e autonomia tanto dos docentes como discentes.