AS ESTRUTURAS SEMÂNTICAS DA INTERINCOMPREENSÃO NOS INTÉRPRETES DO BRASIL: O CASO DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E JESSÉ SOUZA

Autores

  • Gabriela dos Santos E Silva
  • Zeno Queiroz Costa
  • Jose Americo Bezerra Saraiva

Resumo

Embora separados pelo tempo, parece-nos que, Sérgio Buarque de Holanda e Jessé Souza podem ser encarados como elaboradores de duas estruturas semânticas inter-relacionadas a partir das quais tem sido interpretado o Brasil de hoje. Cremos que essas estruturas semânticas sustentam, na atualidade, e até motivam, polêmicas político-ideológicas. Pensamos que Jessé Souza polemiza com Sérgio Buarque de Holanda principalmente porque reconhece que muitos dos intérpretes da situação brasileira atual se ancoram nas considerações do autor de Raízes do Brasil para, a partir daí, sugerir prognósticos para a atuação política. Tendo isso em vista, esta pesquisa voltou-se para a análise de textos de autoria de Sérgio Buarque de Holanda e de Jessé Souza, centrando sua atenção em Raízes do Brasil e A elite do atraso, visando a avaliar de que maneira se dão as relações polêmico-contratuais entre Sérgio Buarque de Holanda e Jessé Souza como intérpretes do Brasil. Para alcançar tais objetivos, foi feita, primeiramente, a leitura dos dois livros escolhidos tomando-se notas dos conteúdos para aprofundamento posterior na releitura criteriosa de Raízes do Brasil e A elite do atraso. Posteriormente, foi realizado, cuidadosa e compassadamente, o levantamento das estruturas semânticas de cada um desses dois livros para que se pudesse saber o grau de organicidade do pensamento exposto. Em seguida, com os resultados desse levantamento estrutural compararam-se os graus de organicidade de cada uma das linhas de pensamento. Ao final deste estudo verificamos que Raízes do Brasil e A elite do atraso revelaram estruturas semionarrativas e discursivas que direcionam a dois pontos de vista discordantes referentemente à interpretação da sociedade brasileira. Além disso, percebemos que esses dois pontos de vista se sustentam mesmo é na tradução que cada discurso realiza das estruturas sêmicas do outro, de modo que a polêmica efetivamente se dá entre simulacros de discursos destinados à interincompreensão.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica