AVALIAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS DE PACIENTES COM CHIKUNGUNYA, CORRELACIONADAS COM AS POSSÍVEIS LESÕES RENAIS DESENVOLVIDAS

Autores

  • Lucas Lobo Mesquita
  • Ênio Simas Macedo
  • Sérgio Luiz Arruda Parente Filho
  • Francisca Lillyan Christyan Nunes Beserra
  • Elizabeth de Francesco Daher

Resumo

Introdução: A Febre Chikungunya (CHIKF) causa lesão renal significativa, o que está associado à maior mortalidade por esta enfermidade. Os mecanismos da disfunção renal desta doença ainda precisam ser elucidados. Objetivos: Analisar as manifestações clínicas e laboratoriais de pacientes com Chikungunya, correlacionando com as possíveis lesões renais desenvolvidas. Métodos: Foi realizado estudo transversal incluindo todos os pacientes com Febre Chikungunya confirmada admitidos em 3 hospitais em Fortaleza, Brasil no período de janeiro de 2016 a junho de 2017. A análise dos dados foi executada com o intuito de avaliar correlações entre as manifestações clínicas e laboratoriais e os desfechos. Resultados: Cinquenta e cinco paciente foram incluidos. A idade média foi 71,6 ± 18,7 anos e 23 (41,8%) eram do sexo masculino. Dentre os 25 pacientes (45,6%) que desenvolveram lesão renal aguda (LRA), 16 (60%) foram classificados como KDIGO 1, 1 (4%) como KDIGO 2 e 9 (36%) como KDIGO 3. A mortalidade total foi de 34,5%, enquanto a mortalidade entre pacientes que desenvolveram LRA foi de 64%. LRA e encefalite foram associadas a maior mortalidade. Pacientes que foram a óbito eram significativamente mais velhos (84,1 ± 7,9 vs. 64,8 ± 19,7, p < 0.001). Em análise multivariada, dor abdominal foi associada a maior risco de LRA severa (OR = 5,33, 95% CI = 1,11 – 25,4, p = 0,037) e LRA foi um fator de risco independente para óbito (OR = 12,06, 95% CI = 2,55 – 57,15, p = 0,002). A recuperação da função renal foi similar entre os diferentes grupos de idade e de severidade da LRA. Conclusão: Quase metade da população estudada apresentou LRA, com predominância dos extremos da classificação KDIGO. LRA levou a mortalidade de 64% e foi um fator de risco independente para óbito, portanto a função renal deve ser minuciosamente monitorada. O médico assistente deve avaliar a presença de dor abdominal, uma vez que esta é um fator de risco para LRA severa.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica