CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL E ESTIGMA DE MULHERES NA PROFISSÃO TATUADORA.
Resumo
O estudo tem como objetivo investigar como acontece o desenvolvimento da identidade profissional sob as condições de estigma de ser tatuadora, baseado na teoria de Slay e Smith (2011). Tendo em vista que, no final do século XX a tatuagem deixou de ser associada apenas à marginalidade e rebeldia, passando por um processo de ressignificação de seu reconhecimento e prática social (FARLEY et al., 2019) e apropriação mercantil (RODRIGUEZ; CARRETEIRO, 2014), examinar o impacto do estigma na construção da identidade profissional das tatuadoras é importante porque o processo de construção da identidade profissional pode ser diferente, ou pelo menos alterado, por membros de grupos estigmatizados (SLAY; SMITH, 2011). Esta pesquisa é caracterizada como qualitativa, descritiva, realizada mediante entrevistas semiestruturadas com 15 tatuadoras que atuam em Fortaleza e analisada por meio de análise de conteúdo (BARDIN, 2004). Os resultados apontam que a principal influência para iniciar o trabalho foi o contato prévio com ilustração, e a maior dificuldade são os valores culturais que marginalizam a profissão. O estigma persiste devido à falta de uniformidade da prática e a facilidade de inserção na profissão. As tatuadoras também relataram a sensação de serem “estranhas no ninho” devido à visão de que tatuagem só é bem-feita se realizada por um homem. Foi possível perceber, que tatuadoras proporcionam um maior conforto entre suas clientes. O estudo contribui para a compreensão de como acontece a ressignificação da identidade profissional da mulher como tatuadora, mostrando uma atividade que, antes marginalizada, tem ganho novo sentido, haja vista que, possibilita marcar a história das pessoas por meio da transformação de uma ideia do cliente em uma tatuagem. Academicamente, o estudo se torna relevante, pois, traz novas perspectivas sobre a tatuagem e colabora para a fundamentação do modelo de identidade profissional estigmatizada e de identidade cultural estigmatizada.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XXXVIII Encontro de Iniciação Científica
Licença
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