CORPO, ARTE E SUBLIMAÇÃO: CRIAÇÃO E LAÇO SOCIAL NA PSICOSE (PARTE II)

Resumo

A pesquisa partiu da seguinte questão: como compreender a produção do objeto de arte pelo sujeito psicótico e quais as suas condições de possibilidade do ponto de vista das suas relações entre constituição psíquica e a Cultura? Ela ocorreu entre agosto de 2017 e julho de 2019. Teve duas etapas, na primeira tratou da relação entre Cultura, sujeito e laço social em sua relação com o gozo e demarcou as especificidades da relação entre arte, psicose e sublimação. Esclareceu, ainda, o que serve de suporte para o processo criativo nas psicoses e para o seu reconhecimento social. Na segunda etapa, objeto desse relatório, tratou das consequências do processo de criação estética nas psicoses para o surgimento na atualidade da “arte psicótica”, mediante recorte das relações entre corpo, arte e sublimação. Utilizou-se do método psicanalítico, sobretudo dos aportes da metapsicologia, para a efetivação de seu objetivo principal de estabelecer as bases para o discernimento das condições da produção artística nas psicoses. Teve como resultados as seguintes conclusões: pode haver criação sem sublimação, mas não há sublimação sem criação; a sublimação não é a única via possível de contato com a Coisa que resulta na produção de um objeto de arte; existem diferenças no estatuto da criação nas psicoses desencadeadas e não desencadeadas, nas primeiras o objeto criado é fruto de uma tentativa de circunscrição do gozo do corpo e nas segundas resulta da produção de uma escrita para limitar o Outro; nas psicoses desencadeadas, a criação do objeto de arte não se presta a um fim estético e sim a uma função de defesa; nas psicoses não desencadeadas - em que o objeto criado tem função de suplência - há uma maior aproximação com uma finalidade estética; a criação, nas psicoses, de um objeto artístico reconhecido pela cultura presta-se mais à reflexão sobre seus efeitos no grupo do que à entrada do sujeito no discurso. Agradece-se à UFC pela bolsa recebida.