FACÇÕES CRIMINAIS E "GUERRAS DO TRÁFICO" EM FORTALEZA: SIMBOLISMOS, SOCIALIDADE E DINÂMICAS DO CRIME EM UM COMPLEXO MERCADO ILEGAL

Autores

  • Rayane Maria Queiroz de Aquino
  • Jania Perla Diogenes de Aquino

Resumo

A pesquisa buscou compreender a atuação das facções Primeiro Comando da Capital (PCC), Família do Norte (FDN), Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE) em Fortaleza. Os objetivos foram compreender e analisar as dinâmicas de funcionamento do crime, os simbolismos e a socialidade envolvidos nos confrontos e alianças entre essas facções. O método utilizado para a obtenção dos dados foi a pesquisa hemerográfica em periódicos impressos de grande circulação, como o Diário dos Nordeste, a pesquisa bibliográfica de trabalhos acadêmicos e a entrevista semiestruturada. Como principais resultados, tem-se que cada uma das quatro facções que atuam ou já atuaram em Fortaleza (PCC, FDN, CV, GDE) têm suas especificidades, sua forma de organização e atuação próprias; as alianças, os conflitos e os confrontos entre coletivos criminais se dão devido a interesses de mercado e a busca por novos territórios para a atuação, assim como por conflitos interpessoais; as estratégias de atuação das facções do Ceará e de outros Estados são divergentes; as duas principais facções em que suas ações afetam o cotidiano dos moradores do bairro onde atuam são a GDE e o CV; a relação entre os integrantes dos quatro coletivos criminais em questão com os agentes do Estado e com a população, na maioria das vezes, não é harmoniosa e cheia de embates; os ataques e atentados a órgãos públicos, assassinatos, espancamentos e mutilações são uma forma de punição e demonstração de força. Concluiu-se que as guerras do tráfico e a relação (alianças, conflitos e confrontos armados) entre as facções criminais e destas com outros agentes, criminais ou não, são complexas, dinâmicas, mutáveis, transitórias e carregadas de simbolismos. A bolsista agradece à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) por financiar esta pesquisa.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica