FREUD E O PAPEL DA LINGUAGEM NO SURGIMENTO DA PSICANÁLISE

Autores

  • Nicolas Goncalves de Queiroz
  • Maria Aparecida de Paiva Montenegro

Resumo

Anna O., ao apontar que o método de tratamento de seu médico, Josef Breuer, é uma ''talking cure'', fornece-nos a mais certeira e sucinta definição do que faz a prática que mais tarde será conhecida como psicanálise. Se a trajetória do saber psicanalítico está desde o seu nascimento intimamente ligada com a discussão da linguagem na sua dimensão de expressão dos afetos pela fala, justifica-se a presente investigação sobre o papel da linguagem para a prática psicanalítica. Além disso, uma demarcação se faz necessária: qual a especificidade que a linguagem tem na psicanálise que diferencia o trato que ela tem com a mesma em relação a áreas como a lógica e a linguística? O presente trabalho, ainda em construção, pretende discutir o estatuto e o papel das questões de sentido e significado na psicanálise a partir de uma reconstrução histórica do trajeto freudiano. Inicia-se a pesquisa pelos primeiros textos de Freud, a fase dita neurológica, sobretudo a monografia sobre as afasias, percorrendo os escritos desse período, até a chegada ao ponto máximo da discussão em ‘’A Interpretação dos Sonhos’’. Nosso interesse, nesse momento, é a reflexão sobre como uma cena onírica pode ser traduzida em um texto e, portanto, como a palavra se relaciona com a imagem. Em ‘’Sobre a psicopatologia da vida cotidiana’’, Freud discute os chamados atos falhos, fenômenos inconscientes da vida diária que denotam a dimensão da linguagem justamente em seu ponto de falha. Na sequência, em ‘’O Chiste e sua relação com o inconsciente’’, Freud tenta sistematizar o fenômeno do chiste em uma perspectiva psicanalítica. Nesse livro, o chiste é apresentado enquanto um fenômeno que, devido sua dimensão irônica, pode transmitir uma narrativa que, de outra maneira, seria rechaçada pelo contexto social. Por fim, investigaremos a possibilidade de fundamentar a concepção psicanalítica da linguagem em uma dimensão pragmática, devido à ênfase que Freud atribui ao contexto e ao uso da língua.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica