HANSENÍASE NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DO BRASIL: ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DE 2001-2017

Autores

  • Isaac Mendes Donato
  • Anderson Fuentes Ferreira
  • Gabriela Soledad Márdero García
  • Mauricélia da Silveira Lima
  • Sheila Paloma de Sousa Brito
  • Alberto Novaes Ramos Junior

Resumo

A hanseníase é uma doença negligenciada crônica, com expressão neural e dermatológica. A elevada carga de morbimortalidade em regiões de maior endemicidade no Brasil traz o desafio de fortalecer as ações de vigilância, com forte monitoramento e avaliação dos dados disponíveis. Analisar padrões espaço-temporais da ocorrência de hanseníase nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, 2001 a 2017. Estudo ecológico misto de base populacional, com análise de tendência temporal (Jointpoints) e distribuição espacial (espaço-temporal) de indicadores epidemiológicos padronizados pelo Ministério da Saúde, a partir da notificação de casos novos de hanseníase. Foram analisados 396.987 CN, a maioria deles registrados no Nordeste (66,4%). Destacam-se com o maior número de casos os estados do Pará (55,0%) e Maranhão (27,6%), enquanto Tocantins (83,9/100.000) e Maranhão (69,0/100.000) pelas maiores taxas de detecção geral. A maioria dos casos na população geral era do sexo masculino (54,7 %), com idade entre 15 e 59 anos (73,4%) e de cor/raça parda (54,7%). A tendência temporal foi de redução para a maioria dos indicadores e variáveis. O coeficiente de grau de incapacidade física 2 (GIF2) não apresentou tendência significativa nos estados da região Nordeste e para pessoas com idade entre 0 a 14 anos. Foram identificados aglomerados (clusters) de hiperendemicidade e com alto risco de detecção incluindo municípios do Tocantins, Pará e Maranhão. Destacam-se áreas com baixa detecção apesar da ausência de tendência para detecção de casos com GIF2. Apesar da tendência de redução de indicadores epidemiológicos da hanseníase no Norte e Nordeste, a doença persiste como problema de saúde pública. Os padrões temporais e espaço-temporais revelados podem indicar diagnóstico tardio em áreas com baixa detecção geral e alta detecção de casos com GIF2. Assim, é necessário fortalecer a atenção integral e longitudinal da saúde, com forte integração das ações de vigilância, em especial na atenção básica.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XXXVIII Encontro de Iniciação Científica