CASOS DICK E JOEY: CONTRIBUIÇÕES PARA CLÍNICA PSICANALÍTICA DO AUTISMO.
Resumo
O transtorno do Espectro do Autismo é um dos temas mais debatidos da comunidade científica, alvo de variadas interpretações e encaminhamentos – muitos deles andando de mãos dadas com o capitalismo e reafirmando uma lógica de medicalização infantil. A presente pesquisa sustenta a hipótese de que o autismo é, para além de suas possíveis causalidades, uma questão de linguagem, considerando que esta não se atém necessariamente ao sentido dito lógico, e que possui uma forte presença onomatopeica – numa articulação com o simbólico em que se toma a palavra em sua realidade material. Realizamos um estudo de dois casos clínicos cruciais para a literatura da psicanálise e da psicologia sobre o autismo: Dick de Melanie Klein e Joey, de Bruno Bettelheim - tendo Freud e Lacan como principais referenciais teóricos. A partir da leitura e análise dos casos em suas línguas originais, nos foi possível chegar a importantes hipóteses para nossa pesquisa intitulada “O vazio, o silêncio e o Outro na clínica do autismo: uma articulação entre topologia, música e a psicanálise”. Verificamos que, para além de especulações causais levando em consideração o “sentido” daquilo que os autistas dizem, as crianças estavam relacionando-se com a sonoridade das palavras, em estado de holófrase e lalíngua. Pretende-se, com a referida apresentação, discutir as descobertas de pesquisa, bem como suas possíveis relações com a música e o manejo na clínica do autismo. Lacan, na Conferência de Genebra em 1975, referiu-se aos autistas como sujeitos verbosos, afirmando que nos custa entendê-los. Na tentativa de aproximarmo-nos de tal posicionamento ético, todo esforço consiste na tentativa de ouvir o que estes sujeitos ditos autistas podem articular. Dessa maneira, esperamos que estes possam elaborar amarrações para defender-se de um Outro de gozo absoluto e, na medida do que for possível, separar-se dele.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
Encontro de Iniciação Científica – PRPPG
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