EMERGÊNCIA DO AUTODIAGNÓSTICO: A INVASÃO DO DISCURSO MÉDICO NO CENÁRIO ESCOLAR

Autores

  • Mariana Ribeiro Pinto
  • Vitória de Sousa Pereira, Yullie Pires Cruz, Yan Victor Sampaio do Nascimento, Marília Vasconcelos Coutinho
  • Ana Carolina Borges Leão Martins

Resumo

A apropriação social de discursos médicos, com objetivo de encontrar um lugar de reconhecimento para o sofrimento, está muito presente em todas as áreas da sociedade, inclusive nas escolas. As instituições escolares têm tido seu público estudantil cada vez mais apropriado desses discursos que têm invadido as instituições e modificado a organização destas, tendo em vista que as convocatórias medicalizantes ao mesmo tempo em que podem oferecer estatuto de reconhecimento e apaziguar os sintomas, pode possibilitar, também, o aprofundamento do sofrimento psíquico. Dito isso, o presente trabalho pretende conversar a respeito da apropriação social do discurso médico e a invasão desses discursos medicalizantes nas escolas. Assim, nos utilizaremos da experiência proposta a partir de um projeto de extensão universitária, onde foram realizadas oficinas, em uma escola pública de Ensino Médio na cidade de Sobral-CE, que tinham como objetivo a discussão de temas escolhidos pelos próprios estudantes. Diante disso, quando é solicitado aos estudantes que escolham a partir de que temas gostariam de iniciar um diálogo, um dos temas que frequentemente é escolhido são questões de sofrimento nomeadas como ansiedade e depressão e o tratamento a partir de medicamentos. Assim, a partir de autores como Travaglia (2014) e Coriat (2011) que vão abordar os impactos da apropriação dos discursos médicos pelos alunos, percebemos que as oficinas mostraram-se como um campo prático de notável apropriação desses discursos pelos estudantes anunciando a possibilidade de uma intervenção a partir de profissionais da psicologia que possa possibilitar a discussão de temas como este, com o objetivo de desconstruir a cristalização desses discursos, que muitas vezes, não promovem a elaboração das questões de sofrimento desses alunos, além de restringir as possibilidades de cuidado.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

Encontro de Extensão – PREX