DUAS LÓGICAS DA REMEDIAÇÃO EM LO-FI: INVERSÃO DA IMEDIATICIDADE NOS CASOS DA PAISAGEM SONORA E DO INDIE ROCK

Autores

  • Thais Amorim Aragao

Resumo

Entre outros usos, o termo "lo-fi" (corruptela de "baixa fidelidade" em inglês) aparece tanto na paisagem sonora schaferiana quanto no indie rock pré-mainstream. Embora esteja associado a qualidades negativas no primeiro âmbito e a positivas no segundo, ambas as posturas emergem da mesma ideia de "fidelidade" cultivada no fenômeno da estereofonia (THÉBERGE, DEVINE, EVERETT, 2015) e reivindicam condições de produção e contemplação sonora que teriam ficado perdidas no passado – senão em uma era pré-industrial, pelo menos em um momento anterior à indústria cultural. Uma análise do caso “lo-fi” na paisagem sonora e no indie rock parece desafiar a ideia de dupla lógica da remediação, desenvolvida por Jay David Bolter e Richard Grusin (2000) – mais especificamente, a sua pertinência para lidar com processos sonoros. Isto porque concepções de lo-fi mostram que tornar os meios imperceptíveis, como é abordado pela dupla de teóricos da mídia ao analisar técnicas visuais como a perspectiva, nem sempre garante uma sensação de presença ou um senso de imersão na relação com a obra. Veremos que, no caso do indie rock, a baixa fidelidade e a superexposição dos meios de gravação muitas vezes é o que assegura à comunidade de ouvintes uma experiência semelhante à de não mediação. Indaga-se sobre a própria validade da ideia de que a gravação é fiel a uma fonte. A partir de Sterne (2003), podemos vislumbrar que aquilo que vem antes é a reprodução, e não a originalidade, porque a primeira geraria a segunda. A fonografia seria o marco de uma rede sócio-espacial e sócio-temporal, em que o medium não media a relação entre artistas e ouvintes, ou entre original e cópia. Ao invés disso, o medium seria a própria natureza da conexão entre eles.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação