O MUNDO DO TRABALHO DOS JOVENS JORNALISTAS CEARENSES: DADOS SOBRE OS EGRESSOS DA UFC

Resumo

Assim como outras profissões do presente, o jornalismo também vivencia as consequências das mudanças produtivas, como a flexibilidade das relações de trabalho, a intensificação das atividades de trabalho e a precarização das condições para o exercício profissional. Todos esses fenômenos obrigam o jornalismo a rever suas normas, práticas e valores, afinal, ele não pode ficar inerte ao movimento da história, e movem os jornalistas a reconstruírem suas identidades, e quiçá o próprio ethos da profissão, ainda ancorado em valores da modernidade que sustentam a imagem do jornalista como um prestador de serviço público e um defensor da democracia. Os jovens jornalistas, maioria no cenário do jornalismo nacional (MICK; LIMA, 2013; FÍGARO; NONATO; GROHMANN, 2013), não estão imunes à ebulição econômica e social que abala as certezas e estabilidades do mundo do trabalho contemporâneo. Daí nossa escolha pela investigação das condições e relações de trabalho vividas pelos jovens jornalistas egressos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na primeira etapa empírica da pesquisa de doutorado "As dramáticas do uso de si de jovens jornalistas no mundo do jornalismo cearense: ethos e histórias de vida" as respostas de 131 egressos da UFC, respondentes de uma enquete realizada em 2019, nos revelam que 58,5% dos jovens possuem ou possuíram vínculo de trabalho estável por meio de contratos via carteira de trabalho profissional e que o jornalismo se hibridiza com outras profissões pela emergência de 16 novas atividades de trabalho com escopo comunicacional realizadas pelos egressos. A plataformização do trabalho jornalístico e a "produção de conteúdo" como atividade guarda-chuva para o trabalho são algumas das mudanças na profissão identificadas pela pesquisa que, em sua segunda etapa empírica, realizará entrevistas de histórias de vida com 13 egressos para identificar as identidades e o ethos destes profissionais.