ANTÍTESE E METÁFORA COMO FIGURAS DE LINGUAGEM CENTRAIS NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO POEMA A UMA AUSÊNCIA, DE ANTÓNIO BARBOSA BACELAR

Autores

  • Francisco Elton Martins de Souza
  • Matheus Tomaz Maia
  • Monica de Souza Serafim

Resumo

O objetivo deste trabalho foi demonstrar, através de análise literária, como as figuras de linguagem antítese e metáfora exercem papel primordial na construção de efeitos de sentido no poema A uma ausência, de António Barbosa Bacelar. Um dos traços poéticos que mais definem esse poema é o uso de antíteses, que são responsáveis por transmitir o sentimento de que o eu-lírico está sob extremo conflito e tensão interna. Na primeira estrofe do poema, já há a presença de um dos traços que marcam todo o desenvolvimento do resto do poema: a antítese, pelo uso da exposição de ideias paradoxais que se anulam. Ao decorrer do poema, o eu-poemático tentará transmitir, nomear e entender pelo que está passando, mas sem obter êxito nesse esforço. Os dois versos seguintes reforçam o desespero gerado por essa ambiguidade paradoxal provocada internamente. O tempo todo, ideias e elementos contrários estão sendo postos para atuar na mesma cena, tentando se coexistir e se assimilar. Apesar de sermos apresentados a mais tentativas de definição por parte do eu-lírico a respeito do que ele está sofrendo, mais uma vez ficamos no campo da incerteza – talvez de forma proposital, pois é uma forma de até representar, simbolicamente, por meio da palavra, toda a quebra de paradigmas gerada pelas novas descobertas científicas do período e pela angústia causada pela cisão de crenças que antes definiram os rumos da humanidade e fizeram os seres humanos, por bem ou por mal, se manter vivos e seguros até então. Por fim, a última estrofe além de continuar desenvolvendo o conflito e a tensão, pelo uso das ideias paradoxais, apresenta um outro elemento que antes aparecia sem muita expressividade, mas que agora ganha destaque, a metáfora. Essa figura de linguagem se manifesta na declaração que o eu-lírico faz ao dizer que, ao andar em si mesmo, ou seja, ao tentar entender a si próprio, está perdido em um deserto – que aqui pode representar o vazio, a ausência e o niilismo em não saber mais no que crer.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação