PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA INFECÇÃO POR COVID-19 EM PORTADORES DE LIPODISTROFIA GENERALIZADA CONGÊNITA

Autores

  • Renan Galvao Ozorio
  • Mayara Ponte Madeira
  • Erika Bastos Lima Freire
  • Letícia de Sousa Guerin
  • Virgínia Oliveira Fernandes
  • Renan Magalhaes Montenegro Junior

Resumo

Introdução: A Lipodistrofia Generalizada Congênita (LGC) associa-se a complicações metabólicas, como dislipidemia e diabetes mellitus. Pacientes com LGC têm redução na leptina, hormônio que modula a inflamação. A infecção grave por SARS-COV2 foi associada em estudos epidemiológicos com diabetes, obesidade e cardiopatias. Ainda não há literatura acerca de COVID-19 em pacientes com LGC. Objetivo: Avaliar a prevalência de infecção por COVID-19 em pacientes com LGC acompanhados em serviço de referência e as características clínicas dessa condição nessa população. Materiais e métodos: Estudo transversal realizado entre julho e agosto/2020. Todos os pacientes foram convidados por telefone a comparecer para reavaliação clínica e participar. Responderam um questionário estruturado com perguntas sobre cuidados de saúde e sintomas respiratórios dos últimos 3 meses. Coletou-se exames laboratoriais, swab e anticorpos IgM/IgG totais para COVID-19, A1c e triglicerídeos. Registros médicos foram revisados para avaliação metabólica antes do período pandêmico. Dados foram apresentados em medianas. Resultados: Dos 25 portadores de LGC, 21 compareceram. A idade era 20 anos (10-32 anos), 13/21 (62%) eram do sexo feminino e 16 (76%) tinham diabetes. A prevalência de COVID-19 foi de 43% (9/21), enquanto em Fortaleza foi de 13,1% (julho/2020). Apenas um paciente apresentou swab positivo. No grupo COVID, 7/9 (78%) tinham diabetes e um morreu de complicações do COVID. Os níveis de triglicerídeos antes da pandemia eram mais baixos em diabéticos COVID versus diabéticos não COVID (141,5 x 526 mg / dL, p = 0,012). Não houve diferença entre os níveis de A1c entre os grupos. Conclusão: Observou-se alta prevalência de COVID-19 em pacientes com LGC, mas com baixo impacto no controle metabólico. Isso pode ter relação com a menor quantidade de tecido adiposo, que atuaria como reservatório para a multiplicação viral; e com a hipoleptinemia, atenuando a resposta autoimune induzida pela COVID-19.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XXIX Encontro de Extensão