A ONCOGENÉTICA CLÍNICA NO SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICO DO BRASIL: RELATO DE UM PROJETO DE ACONSELHAMENTO GENÉTICO NO CEARÁ.

Autores

  • Rodrigo Amado Delmiro de Oliveira
  • Emanuel Cintra Austregésilo Bezerra
  • Maria Clara Tomaz Feijão
  • Mateus de Sousa Leite Oliveira
  • Antônio Sérgio de Aguiar Reges
  • Markus Andret Cavalcante Gifoni

Resumo

A Oncogenética é uma área da Oncologia relativamente recente, mas cujas aplicações clínicas já se mostram relevantes. O aconselhamento genético oncológico é uma dessas práticas, dado o seu alto potencial de prevenção, a nível individual e familiar, contra neoplasias malignas com caráter hereditário importante, além da sua capacidade de aconselhar o paciente acerca da sua herança genética. Apesar disso, no Brasil, a disponibilidade desse serviço é escassa. O objetivo desse trabalho é relatar a estrutura e funcionamento do serviço de aconselhamento genético do braço público do Grupo de Câncer Hereditário do Ceará (CHANCE) e suas dificuldades no contexto do sistema público de saúde brasileiro. Foi coletado, através do banco de dados do projeto, os dados referentes ao número de pacientes atendidos, o tipo mais frequente de câncer entre eles, o número de testes genéticos realizados e resultado. O projeto recebe pacientes com suspeita de mutações hereditárias carcinogêneas importantes. Já foram atendidos 32 pacientes, sendo o carcinoma mamário a neoplasia mais comum (29). O aconselhamento genético é dividido em 2 consultas: na primeira, é coletada a história do paciente, que é então educado sobre o papel da genética no câncer, orientado sobre o serviço e solicitado que faça o teste genético apropriado. Na segunda consulta, ocorre a interpretação dos exames e decisão da conduta. Entretanto, não foi possível realizar o teste genético em 24 dos 32 pacientes até o momento. O resultado dos testes feitos identificou 2 pacientes com mutações BRCA1, 2 com BRCA2, 2 negativos e 2 com variantes de significado incerto. A falta de cobertura desse exame pelo SUS e o seu alto preço na rede privada foram apontados pelos pacientes e oncogeneticistas do projeto como os principais obstáculos para isso. Portanto, conclui-se que ainda há importantes obstáculos para o exercício clínico da Oncogenética no Brasil, apesar dos seus benefícios na personalização da conduta e prevenção.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XXX Encontro de Extensão