O DESAFIO DA EQUIDADE RACIAL NA GESTÃO DA ESCOLA DO CAMPO DO CEARÁ

Resumo

O sistema educacional brasileiro reproduz o racismo manifestado de várias formas, através de uma estrutura histórica. Há inúmeros mecanismos discriminatórios que povoam a estrutura escolar, pode-se observar desde o currículo até as renúncias da leitura da própria existência. As ações afirmativas reagem ao apagamento da origem da população negra no estado do Ceará, que é invisibilizada até hoje entre as fontes oficiais de história, sobretudo na educação básica. Os negros no Ceará estão nas periferias, no campo e têm na experiência das escolas do campo espaço para fortalecimento de novas estratégias e de atores sociais na transformação da realidade desigual. Este artigo apresenta as primeiras aproximações deste debate no contexto das escolas do campo do Ceará, estado que foi o primeiro a declarar a abolição da escravatura, mas não apresentou saídas para a desigualdade racial em seu território. O lócus de análise da pesquisa foi a Escola Estadual Francisca Pinto dos Santos, que faz parte de um grupo de 10 escolas no Ceará, denominadas de escolas do campo, que desenvolvem proposta pedagógica específica, enraizada na realidade socioeconômica e cultural dos territórios nos quais estão inseridas. A pesquisa diagnóstica deste artigo faz parte de um projeto maior denominado EREC – Equidade Racial e Educação do Campo, que levantou dados na turma de concludentes do Ensino Médio sobre o perfil socioeconômico; percepções sobre as relações étnico raciais no ambiente escolar; o conhecimento da temática da equidade e da diversidade étnico-racial e perspectivas quanto à conclusão do Ensino Médio. Percebeu-se que tamanho desafio que vislumbre uma sociedade sem classes e que a raça, no sentido sócio-político, não seja um elemento de subordinação e adoecimento do outro, é tarefa revolucionária. As feridas expostas por um processo colonizador cruel e segregador se materializam hoje nos limites dos sonhos da juventude negra das cidades, mas também do campo.