MEMÓRIAS DAS COMUNIDADES IMPACTADAS PELOS PERÍMETROS DE IRRIGAÇÃO NO CEARÁ

Resumo

O Estado brasileiro adotou uma política neoliberal de irrigação e implementou um processo de emancipação dos perímetros públicos irrigados que significou o abandono, a espoliação e o “deslocamento de grande contingente populacional que [perdeu] – às vezes de forma muito rápida – os seus meios tradicionais de sobrevivência” (FREITAS, 1989:124).O trabalho empreendido pelo projeto busca identificar e preservar as memórias, os patrimônios, os saberes e os fazeres tradicionais, entre outros aspectos da cultura e dos modos de vida de mulheres e homens moradores(as) e trabalhadores(as) rurais da região do Baixo e Médio Jaguaribe. Sujeitos que foram impactados pelas políticas de modernização agrícola no Estado do Ceará. No contexto assinalado, os prejuízos do espaço e do tempo diante do avanço das ações do Estado e do agronegócio podem ser observados entre os indivíduos por meio da fragmentação, da perda de identidade e da ameaça à memória, materializados na destruição de suas comunidades tradicionais. Para o desenvolvimento deste trabalho aproximamo-nos da história agrária, da geografia agrária, dos estudos sobre memória e identidade e dos procedimentos da história oral. Ademais, apesar das limitações impostas pela pandemia do COVID-19, avançamos na atualização de bancos de dados sobre as populações campesinas cearenses, além de promovermos a espacialização de suas experiências pretéritas por intermédio da construção de “mapas conjecturais”. Realizada a alimentação do banco de dados do COMTER (UFC) e do DATALURE (UECE) através de entrevistas, vídeos, bibliografias, entre outros materiais referentes aos territórios atingidos pela modernização agrícola. De forma geral, busca-se garantir o direito à memória dos agricultores/as e, portanto, conter a amnésia social produzida sobre o semiárido cearense.