Aproveitamento de Rejeitos de Caieiras na Melhora Significativa da Resistência dos Índices de Pavimentação de Estradas e Mitigação de Dano Ambiental

Autores

  • Francisco Pessoa Machado
  • Antônia de Castro Côrtes Pessoa
  • José Antonio Beltrão Sabadia

Resumo

A presente pesquisa teve como foco o aproveitamento racional dos rejeitos de caieiras, constituído de cal e pedregulho não calcinado, advindos da atividade de produção de cal. A área escolhida para os estudos localiza-se nos limites dos municípios de Sobral e Coreaú, estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Objetivando a caracterização geotécnica do rejeito, 12 amostras deste material foram coletadas, cada uma pesando em torno de 15kg, contemplando todas as indústrias de cal existentes na área de pesquisa. Essas amostras foram misturadas e homogeneizadas, a compor uma única amostra. Duas amostras de solos, sendo um arenoso e o outro argiloso, também foram coletadas na região da área. Com esses três materiais foram preparadas 14 amostras de aproximadamente 20kg. Seis destas amostras foram compostas por misturas do solo arenoso e dosagens gradativas de rejeito, nas proporções em volume de 80, 70, 60, 50, 40 e 30%. As outras amostras, oito, foram constituídas por misturas do solo argiloso com dosagens de rejeito nas proporções de 80, 70, 60, 50, 40, 30, 20 e 0%. Todas as amostras foram submetidas a ensaios geotécnicos para determinação da sua granulometria e dos seus índices de suporte Califórnia (ISC/CBR), expansão, de plasticidade e de grupo. Em termos de consistência, constatou-se que os valores de CBR das misturas formadas tanto com o solo arenoso quanto com o argiloso, em geral, foram crescentes à medida que se foi aumentando o percentual de rejeito. Por sua vez, a amostra constituída somente de por solo argiloso apresentou CBR de 5%, enquanto a formada pela mistura de solo argiloso com 20% de rejeito o CBR foi de 19%. As demais amostras apresentaram CBR superiores a 52%. Diante dos resultados dos ensaios apresentados pelas amostras estudadas, conclui-se que, ao se incorporar os rejeitos de caieira ao solo, este adquire significativas melhorias nas suas propriedades físicas, refletidas não só pelo CBR, mas também por outros parâmetros, como expansão, plasticidade (IP) e índice de grupo (IG). Este aproveitamento, além de qualificar em grande monta a capacidade de resistência do estrato a ser utilizado na pavimentação de rodovias (melhora significativas na resistência dos índices de pavimentação), se reflete em um ganho ambiental importante, uma vez que estes rejeitos dificultam em muito os trabalhos a serem realizados nas caieiras (geração de particulados, poeiras, custos de manejo, etc.) e, ainda são minimizados os impactos dos assoreamentos dos rios e açudes da região, uma vez que este material é de fácil mobilização, ainda mais diante do regime das fortes precipitações concentradas na primeira quadra chuvosa do ano hídrico do nordeste brasileiro.

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