CONTRIBUIÇÕES DA REDE CARINIANA PARA A PRESERVAÇÃO DIGITAL NOS
REPOSITÓRIOS DIGITAIS INSTITUCIONAIS: o caso da UFRN
CARINIAN NETWORK CONTRIBUTIONS TO DIGITAL PRESERVATION IN
INSTITUTIONAL DIGITAL REPOSITORIES: the UFRN case
Mayane Paulino de Brito e Silva
1
Rafaela Karoline Galdencio de Moura
2
Sandra de Albuquerque Siebra
3
Virgínia Bentes Pinto
4
1
Doutoranda em Ciência da Informação
(PPGCI/UFPB),
E-mail: mayanepaulino.b@gmail.com
2
Mestranda em Ciência da Informação
(PPGCI/UFPB),
e-mail: rafalalala22@gmail.com
3
Doutora em Ciências da Computação pela
UFPE, Professora do PPGCI/UFPE
e-mail: profa.ssiebra@gmail.com
4
Doutora em Ciência da Informação pela
Université Stendhal-Grenoble-3-França
E-mail: vbentes@ufc.br
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Conflito de interesses: A autora declara que
não há conflito de interesses.
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Recebido em: 20/09/2019.
Revisado em: 01/10/2019.
Aceito em: 10/10/2019.
Como citar este artigo:
SILVA, Mayane Paulino de Brito; MOURA,
Rafaela Karoline Galdencio de; SIEBRA, Sandra
de Albuquerque; PINTO, Virgínia Bentes.
Contribuições da Rede Cariniana para a
preservação digital nos repositórios digitais
institucionais: o caso da UFRN. Informação em
Pauta, Fortaleza, v. 4, n. especial, p. 99-116, nov.
2019. DOI: https://doi.org/10.32810/2525-
3468.ip.v4iEspecial.2019.42607.99-116.
RESUMO
Discute sobre as contribuições da Rede
Cariniana no âmbito da preservação digital em
Repositórios Digitais Institucionais. Utiliza como
metodologia instrumentos necessários para o
desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica,
exploratória e descritiva, com uma abordagem
qualitativa. Faz uso de um estudo de caso no
Repositório Digital Institucional da UFRN por
meio de uma coleta de dados feita através da
realização de uma entrevista semiestruturada.
Aborda reflexões e conceitos relacionados à
preservação digital, que é entendida como um
conjunto de ações e técnicas responsáveis
quanto à informação digital, permitindo que ela
seja preservada e recuperada ao longo do tempo.
Menciona a Rede Cariniana, que oferece diversas
alternativas para que as entidades brasileiras
possam colecionar, armazenar e promover o
acesso ao conteúdo selecionado por meio de
cópias autorizadas. Aponta que o processo de
conexão entre a ciência eletrônica e a
necessidade de preservação dos dados digitais
estaria baseado nos Repositórios Digitais
Institucionais. Apresenta como resultados a
garantia da guarda como principal interesse na
adoção de ferramentas dirigidas à preservação
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 4
n. especial
nov. 2019
ISSN 2525-3468
DOI: https://doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v4iEspecial.2019.42607.99-116
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digital de documentos; a UFRN faz parte do
estudo realizado pela Rede Cariniana, a qual
abriga a tipologia científica, cujo crescimento
documental chega a 3000 por ano e visa a
congregar todo o material científico nos
próximos 5 anos, levando em consideração os
aspectos tecnológicos, humanos e a ação prática
de uma política de preservação digital. Sob este
viés, a pesquisa finaliza que o propósito de
enriquecer e contribuir para as iniciativas e
práticas sobre a preservação digital brasileira é
bastante promovido pela Rede Cariniana, por
meio de uma infraestrutura descentralizada.
Palavras-chave: Preservação digital.
Repositórios Digitais Institucionais. Rede
Cariniana. Repositório Institucional UFRN.
ABSTRACT
It discusses about the contributions of the Rede
Cariniana in the range of digital preservation on
Institutional Digital Repositories. It uses as
methodology the instruments which are
necessary to the development of a bibliographic,
exploratory and descriptive research, with a
qualitative approach. It uses a study case in the
Institutional Digital Repository from UFRN
through a data collection that was made through
a semistructured interview. It approaches
reflections and concepts related to the digital
preservation, which is understood as a set of
actions and techniques responsible in the scope
of digital information, by allowing that it can be
preserved and recovered throughout time. It
mentions the Rede Cariniana, which offers
diverse alternatives to Brazilian entities in order
to collect, store and promote the access to the
selected content through authorized copies. It
points that the process of connection between
the electronic science and the need of digital
data preservation would be based on the
Institutional Digital Repositories. It presents as
results the guaranty of the storage as the main
interest in the adoption of tools directed to the
digital preservation of documents; the UFRN is
part of the study realized by the Rede Cariniana,
which hosts the scientific typology, whose
documental growth may come to be 3000 per
year and aims to gather all the scientific material
in the next 5 years, considering the technological
and human aspects, as well as the practical
action off a digital preservation policy. Thus, the
research concludes that the purpose of enriching
and contributing to the initiatives and practices
about the Brazilian digital preservation is very
much promoted by the Rede Cariniana, through
a decentralized infrastructure, by using
resources of distributed computing.
Keywords: Digital preservation. Institutional
Digital Repositories. Rede Cariniana.
Institutional Repository UFRN.
1 INTRODUÇÃO
O uso intensivo das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no
cotidiano das pessoas, instituições e empresas, modifica processos informacionais, tais
como produzir, armazenar, disseminar e recuperar informações. Além disso, coloca em
foco a preocupação em como preservar as informações produzidas/manipuladas para
acesso e uso futuro. Isso devido à possibilidade de obsolescência tecnológica, assim
como de perda dessa informação. De fato, nos dias atuais, a quantidade de informação
em meio digital tem aumentado exponencialmente, englobando a informação nascida
digital, como também a que vem sendo digitalizada. Isto engloba acervos e documentos
diversificados e conjuntos de dados, sejam eles arquivísticos, científicos, educacionais,
históricos ou que integrem o patrimônio cultural.
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Nesse contexto, a Carta para a Preservação do Patrimônio Digital da United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) manifesta a
necessidade de os Estados membros, incluindo o Brasil, estabelecerem políticas e ações
para proteger o patrimônio digital (UNESCO, 2003). Assim, pode-se afirmar que existe a
necessidade urgente de preservar o patrimônio digital, a fim de promover o acesso a
esses recursos em longo prazo, o que remete à preservação digital. Esta é definida pelo
Glossário da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Conselho Nacional de
Arquivos, o qual a preservação digital como: “Conjunto de ações gerenciais e técnicas
exigidas para superar as mudanças tecnológicas e a fragilidade dos suportes, garantindo
o acesso e a interpretação de documentos digitais pelo tempo que for necessário”
(CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVO, 2014, p. 29).
Dentre as estratégias encontradas na literatura, encontra-se a replicação do
objeto digital em vários lugares (computadores), fazendo uso do modelo de preservação
em redes colaborativas (ARELANNO, 2004). Esse modelo propõe que diferentes
instituições armazenem, ofereçam acesso e criem cópias digitais atualizadas. Um
exemplo disso é o projeto Lots of Copies Keep Stuff Safe (LOCKSS), direcionado para
conservar a integridade das publicações eletrônicas, mantendo cópias em vários
endereços eletrônicos, averiguando periodicamente todas as cópias, a fim de verificar a
congruência da informação armazenada, segundo Arelanno (2004). Nesse sentido,
nacionalmente, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT),
preocupado especialmente com a preservação da informação digital dos periódicos das
instituições brasileiras, criou a Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital (Rede
Cariniana).
A Rede Cariniana oferece diversas alternativas para que as entidades brasileiras
possam colecionar, armazenar e promover o acesso ao conteúdo selecionado por meio
de cópias autorizadas. Seu projeto de implantação foi elaborado baseando-se numa
infraestrutura descentralizada, utilizando artifícios de computação distribuída e fazendo
uso da Aliança Internacional LOCKSS (ARELANNO, 2004). Anteriormente a essa
iniciativa e, depois, em paralelo a ela, houve o incentivo do IBICT, no contexto do
movimento de acesso aberto à informação (INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2014), de criação de Repositórios Digitais Institucionais (RDI).
Dessa forma, atualmente, as universidades e os centros de pesquisa têm planejado e
implantado RDI.
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No contexto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o
repositório institucionalizou-se através da Resolução 059/2010-CONSEPE, de 13 de
abril de 2010 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2010), que
designa as normas referentes à Política Institucional de Informação Técnico-Científica,
na UFRN.
O Repositório Digital Institucional (RDI) da UFRN reúne a produção intelectual da
comunidade universitária (docentes, técnicos e alunos de pós-graduação) da
universidade e tem como missão armazenar, preservar e disponibilizar na internet
textos completos e de acesso livre. De fato, espera-se com o RDI potencializar o
intercâmbio da UFRN com outras instituições, acelerando o desenvolvimento de suas
pesquisas, ampliando o acesso, a visibilidade e a recuperação da produção técnico-
científica da instituição. Porém, como o uso de uma ferramenta de repositório apenas
não garante a preservação da informação digital nele contida, fez-se necessário pensar
sobre a adoção de estratégias de preservação que contribuíssem nesse sentido.
Dessa forma, esse artigo objetiva descrever a contribuição que o ingresso da
UFRN na Rede Cariniana trouxe para a preservação digital do conteúdo de seu RDI.
Espera-se com esse artigo contribuir para que outras instituições compreendam
o benefício de ingresso na Rede Cariniana.
2 METODOLOGIA
Essa é uma pesquisa bibliográfica e descritiva, com uma abordagem qualitativa,
que fez uso de um estudo de caso no Repositório Digital Institucional da UFRN (GIL,
2008). A coleta de dados foi feita por meio da realização de uma entrevista
semiestruturada (TRIVIÑOS, 1987), com a profissional responsável pelo Setor de
Repositório Digital da referida universidade, em julho de 2018. A análise dos dados da
entrevista foi realizada por meio da análise de conteúdo (BARDIN, 2011).
Para o embasamento teórico, foi realizada pesquisa bibliográfica fazendo uso dos
termos de busca “preservação digital”, rede cariniana”, “repositório digital” e
“repositório institucional” em livros, periódicos e bases de dados oriundos da área da
Ciência da Informação (CI) e de áreas afins, durante o recorte temporal de abril a julho
de 2018. Em seguida, foi feita a análise dos tulos para saber quais deles se
enquadravam diretamente na temática desta pesquisa.
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3 PRESERVAÇÃO DIGITAL
Com a popularização dos computadores, o surgimento da internet, a globalização
e as constantes mudanças e avanços nas Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação, surgiu uma nova forma de guardar a informação: o meio digital (GRÁCIO,
2012). Isto é, a informação, que antes tinha seu registro majoritário em papel, passou
também a ser produzida e registrada em formato digital. Neste sentido, surgiu a
necessidade de tratar da informação nesse novo formato, que trouxe benefícios, como a
facilidade de acesso e possibilidades diversas de disseminação, mas também trouxe
diversas ameaças e desafios a serem enfrentados, conforme apontam Grácio e Fadel
(2010, p. 61):
mudanças e avanços muitos rápidos nas tecnologias de acesso à informação
digital, causados especialmente pelo surgimento da internet;
obsolescência do hardware e do software, que com os avanços tecnológicos
se tornam ultrapassados muito rapidamente;
a explosão da quantidade de informação armazenada em meio digital, que
cresce a cada dia, substituindo os meios de armazenamento tradicionais;
as mudanças no formato dos arquivos e das mídias de armazenamento;
custo elevado das novas tecnologias.
Márdero Arellano (2012) endossa a dinamicidade desse cenário em que a
informação digital pode estar em qualquer lugar e em qualquer mídia, sendo
fundamentais novas práticas na gestão do seu ciclo de vida, que se modifica
incessantemente. Assim, com a percepção do risco de perder o registro da produção
acadêmica, arquivística, histórica, científica e cultural em meio digital, as instituições e
indivíduos passaram a se preocupar com formas de garantir a manutenção e acesso em
longo prazo, gerando a emergência de se pensar sobre a preservação digital.
Ferreira (2006) define preservação digital como a capacidade de garantir que a
informação digital continue acessível e com qualidade de autenticidade para que, no
futuro, possa ser interpretada por uma tecnologia diferente daquela utilizada em sua
origem. Para Márdero Arellano (2004), preservação digital trata de assegurar aos
objetos digitais sua integridade física (relacionada aos conteúdos armazenados nos
distintos suportes, como CD-ROM, DVD, pendrive, etc), lógica (compreende atividade de
conversão dos formatos originais em novos formatos) e intelectual (seu foco são os
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mecanismos que garantem a integridade e autenticidade da informação nos documentos
eletrônicos).
Um dos aspectos importantes que envolvem a preservação digital diz respeito às
estratégias que deverão ser adotadas para cada tipo de objeto. Thibodeau (2002)
apresenta, como mostra a Figura 1, adaptada por Ferreira (2006), diferentes estratégias
de preservação.
Figura 1 Classificação das diferentes estratégias de preservação digital
Fonte: Thibodeau (2002), adaptado por Ferreira (2006).
A preservação da tecnologia consiste em preservar o meio tecnológico usado
para a criação e manutenção do objeto digital e tem por objetivo conservar todo
hardware e software necessários para o acesso à informação preservada. Com a
obsolescência das mídias e com possíveis mudanças de programas de leitura dos
conteúdos dos documentos, esse tipo de preservação apresenta problemas, pois é
inevitável que uma tecnologia se torne arcaica e deixe de existir (FERREIRA, 2006).
O refrescamento consiste em transferir a informação digital de um suporte físico
de armazenamento para outro mais atual, antes que o primeiro se extinga. A dificuldade
dessa estratégia está em garantir que o hardware utilizado para a leitura do suporte de
armazenamento permaneça confiável com o passar do tempo (GRÁCIO; FADEL, 2010).
A emulação baseia-se na utilização de um software, chamado de emulador, que
reproduz o comportamento de uma plataforma de hardware e/ ou software numa outra
que, a princípio, seria incompatível (FERREIRA, 2006).
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A migração realiza uma transferência periódica de material digital de uma dada
configuração de hardware/ software para outra, ou de uma geração de tecnologia para
outra mais atual (THE COMMISSION ON PRESERVATION AND ACCESS AND THE
RESEARCH LIBRARIES GROUP, 1996).
A normalização tem como objetivo simplificar o processo de preservação, por
intermédio da redução do número de formatos distintos que os objetos encontram em
seu repositório, garantindo um número controlado de formatos e conduzindo a uma
redução generalizada dos custos de preservação (FERREIRA, 2006).
O encapsulamento preocupa-se em preservar, juntamente com o objeto digital,
toda a informação necessária e suficiente para possibilitar o futuro desenvolvimento de
conversores, visualizadores ou emuladores, segundo Ferreira (2006).
Lorie (2002) explica que, em uma quina Virtual Universal, um
decodificador que tem como finalidade apresentar uma visão lógica do objeto digital,
permitindo uma navegação simples através das suas propriedades.
Na estratégia da Pedra de Rosetta digital, em vez de preservar as regras que
permitem decodificar o objeto digital, são reunidas amostras de objetos que sejam
representativas do formato que se pretende recuperar (HEMINGER; KELLEY, 2004).
Márdero Arellano (2004) complementa categorizando os principais métodos
recomendados para a preservação dos objetos digitais em dois tipos: os estruturais e os
operacionais. Os primeiros tratam dos investimentos por parte das instituições que
buscam implementar algum processo de preservação, tais como adoção de padrões,
elaboração de normas, definição de metadados de preservação, montagem da
infraestrutura e formação de consórcios. Os métodos estruturais, por sua vez, referem-
se às medidas concretas aplicadas aos objetos digitais, como a conservação de software/
hardware, a migração de suporte, a conversão de formatos, a emulação e a preservação
do conteúdo. Adicionalmente, Márdero Arellano (2012) diz que, entre os métodos
estruturais atuais, o modelo de preservação em redes colaborativas. O modelo de
rede de preservação distribuída propõe que diferentes instituições armazenem,
ofereçam acesso e criem cópias digitais atualizadas de um acervo digital. Esse método
tem avançado em vários países principalmente por causa da adoção de uma ferramenta
que possibilita a criação de Redes Privadas Locais (PLN), o LOCKSS (“Lots Of Copies Keep
Stuff Safe”). O LOCKSS é um software livre e disponível para a comunidade de usuários,
embora seu desenvolvimento seja restrito à equipe do LOCKSS, da Universidade de
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Stanford, nos Estados Unidos, como explica Márdero Arellano (2012).
Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT), preocupado com a preservação da informação digital das instituições
brasileiras, criou a Rede Cariniana, baseada na experiência do projeto LOCKSS
(MÁRDERO ARELLANO, 2012).
4 REDE CARINIANA
O projeto da Rede Cariniana, criado pelo IBICT, conta com a parceria de
instituições de ensino e pesquisa e de especialistas brasileiros, com o objetivo de
garantir o acesso contínuo em longo prazo aos documentos eletrônicos nacionais
(MÁRDERO ARELLANO, 2012).
A Rede Cariniana oferece diversas alternativas para que as entidades brasileiras
possam colecionar, armazenar e promover o acesso ao conteúdo selecionado por meio
de cópias autorizadas. Seu projeto de implantação foi elaborado baseando-se numa
infraestrutura descentralizada, utilizando recursos de computação distribuída. Assim,
com a responsabilidade de adotar medidas para a salvaguarda e acesso da produção
científica, a Cariniana aderiu à Aliança Internacional LOCKSS, a maior e mais antiga rede
de preservação digital, abrindo as possibilidades de compartilhamento de experiências
com instituições internacionais reunidas em redes colaborativas.
Destaca-se que, graças à adoção da ferramenta LOCKSS, existe a integração dos
sistemas recomendados e disseminados pelo IBICT (Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações, Sistema Eletrônico de Editoação de Revistas, Sistema Eletrônico de
Administração de Conferências e DSpace), para que os padrões de interoperabilidade do
modelo Open Archives Initiative (OAI) (metadados, protocolo de coleta OAI-PMH), entre
eles, não se percam no futuro (ARELANNO, 2012).
De acordo com o IBICT (2014), desenvolver uma rede de serviços de preservação
digital promove o compartilhamento de estudos e pesquisas, bem como a integração de
conteúdos da memória institucional digital de maneira consorciada e partilhada.
Para assegurar o funcionamento da Rede, foi estabelecido um acordo de
cooperação, de forma que cada instituição participante se responsabilizaria pela
aquisição e configuração do equipamento localmente. Dessa forma, inicialmente, as
atividades da Rede foram desenvolvidas conjuntamente com cinco universidades
brasileiras (Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas,
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Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal de Santa Maria e Universidade
Estadual do Maranhão), com o suporte de seus respectivos centros de informação e de
informática. A princípio, foi estruturado o serviço de armazenamento dos periódicos
eletrônicos das instituições parceiras do projeto, porém, o objetivo de ampliar os
serviços oferecidos, incluindo a preservação de publicações eletrônicas no software
DSpace, como livros, teses e dissertações em formato eletrônico.
Nos dias atuais, as atividades da Cariniana estão sendo desenvolvidas em
parceria com onze instituições brasileiras de ensino e pesquisa, além da colaboração das
Universidades de Stanford, de Edimburgo e de Harvard (IBICT, 2018). A equipe do IBICT
trabalha diretamente com os técnicos de cada instituição, contatando os responsáveis
pelos portais de revistas, bibliotecas e repositórios digitais. A Figura 2 ilustra a estrutura
de funcionamento da Rede Cariniana.
Figura 2 Sub-redes da Cariniana
Fonte: Márdero Arellano (2014)
Ressalta-se que a estrutura da Rede Cariniana incentiva a cooperação,
construindo uma comunidade dedicada à preservação digital. Para isso, é fundamental
que cada instituição colaboradora tenha comprometimento na manutenção de sua
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infraestrutura local nos próximos anos e que o IBICT permita que sua equipe desenvolva
habilidades necessárias para continuar coordenando o suporte a todos os parceiros da
rede (MÁRDERO ARELLANO, 2012).
De fato, o projeto de implantação da Rede foi elaborado baseando-se em uma
infraestrutura descentralizada, utilizando recursos de computação distribuída. Para a
preservação distribuída, é preciso a participação das instituições detentoras dos
documentos eletrônicos e de sua infraestrutura, em um ambiente padronizado e de
segurança, garantindo o acesso permanente e o armazenamento monitorado dos
materiais digitais.
Adicionalmente, de acordo com Messerschmitt (2003), o processo de conexão
entre a ciência eletrônica e a necessidade de preservação dos dados digitais estaria
baseado nos Repositórios Digitais Institucionais (RDIs), que possibilitariam a estrutura
para as atividades de preservação e curadoria digital. Esta pode ser entendida como a
“gestão ativa e preservação de recursos digitais ao longo do seu ciclo de vida completo”
(TIBBO; HANK; LEE, 2008, p. 235)
5 REPOSITÓRIOS DIGITAIS INSTITUCIONAIS
Na era digital, os RDIs simbolizam uma memória eletrônica que, de acordo com
Ware (2004), surgiu durante 2002, com o início do desenvolvimento do software
DSpace, construído pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Nos últimos anos,
as universidades e os centros de pesquisa têm planejado e implantado repositórios
digitais institucionais. Isto ocorre porque as comunidades acadêmicas estão
participando de um movimento coletivo que busca explorar as possibilidades oferecidas
pelas TDICs para a criação de serviço de informação inovadores, por meio dos quais as
novas mídias digitais possibilitam otimizar o ensino, a pesquisa e a comunicação
científica (SAYÃO; MARCONDES, 2009). Logo, destacamos o movimento do acesso
aberto (do inglês open access), que emerge por volta do final da década de 90, frente à
conjuntura dos periódicos científicos que estavam em fase de crise financeira. Na
perspectiva de solucionar essas dificuldades, são desenvolvidas ferramentas de
softwares, dentre elas, a criação de repositórios digitais e as bases de periódicos
científicos. Destarte, esse movimento tem como princípio norteador o acesso livre a
todas as pesquisas, cujo financiamento provém de recursos públicos (KURAMOTO,
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2006). Os repositórios digitais institucionais configuram-se como a estratégia adotada
por instituições para a execução da responsabilidade de custódia, promovendo a guarda
dos conteúdos produzidos e permitindo que eles estejam disponíveis para seu acesso,
para a sua preservação em longo prazo (LYNCH, 2003).
Os RDIs retiram a exclusividade das editoras de periódicos e passam para a
instituição a tarefa de promover a guarda e o acesso à parte da massa de informação
produzida no contexto das instituições. Ademais, quebram o monopólio que as editoras
possuíam durante anos com a propriedade dos direitos autorais. Da perspectiva
conceitual, pode-se compreender um repositório digital institucional como:
[...] uma base de dados na Web na qual uma instituição de pesquisa deposita
sistematicamente sua produção acadêmica e a disponibiliza de forma ampla
para as comunidades interessadas. Sobre essa base de dados é oferecido um
conjunto de serviços voltados para a gestão e para a disseminação de
informações em formato digital. Esses serviços incluem captura,
armazenamento, tratamento técnico, organização, preservação e entrega de
conteúdos digitais de toda a natureza texto, imagens, vídeo, áudio,
apresentações, programas de computador, datasets etc (SAYÃO; MARCONDES,
2009, p. 23).
Sayão e Marcondes (2009) ainda colocam que, como o próprio nome faz lembrar,
os repositórios digitais institucionais estão ligados naturalmente aos seus ambientes
institucionais, tendo um evidente compromisso com a formação da memória digital
acadêmica e com a preservação de materiais em longo prazo. Para isso, esses
repositórios utilizam um suporte tecnológico de sistemas abertos e interoperáveis, bem
como a aplicação de padrões das áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação e
Tecnologia da Informação.
5.1 RDI da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
O RDI da UFRN reúne a produção intelectual da comunidade universitária
(docentes, técnicos e alunos de pós-graduação) e foi criado por meio do Edital de
Chamada FINEP/PCAL/XBDB 003/2009, lançado pelo Instituto Brasileiro de
Informação, Ciência e Tecnologia (IBICT). Este edital teve como objetivo apoiar projetos
de implantação de Repositórios Digitais nas instituições públicas federais, estaduais e
municipais de ensino e pesquisa, visando o registro e a disseminação da produção
científica dessas instituições (SILVA, 2018).
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O Repositório da UFRN tem como objetivos (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2018, não paginado):
Gerir e disseminar a produção técnico-científica em meio digital;
Proporcionar maior visibilidade dessa produção institucional;
Preservar a memória intelectual da universidade; e
Servir como indicador tangível de qualidade e de relevância científica,
econômica e social.
O acesso ao RDI é feito por meio do endereço www.repositorio.ufrn.br , no qual
os usuários podem ter acesso aos materiais que ele abriga.
Ao criar o RDI, a UFRN estabeleceu a Resolução nº 059/2010-CONSEPE, de 13 de
abril de 2010 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2010), que
normatizou diretrizes sobre a Política Institucional de Informação Técnico-Científica na
universidade. Nesta Resolução foi definida a criação de uma Comissão Gestora
constituída por cinco membros da comunidade: um representante da Pró-Reitoria de
Pesquisa, um do Sistema de Bibliotecas da instituição, um da Superintendência de
Comunicação, um da Superintendência de Informática e um do Departamento de
Biblioteconomia (que hoje é nomeado como Departamento de Ciência da Informação).
Pontua-se que essa comissão operou na gestão do repositório até 2011. A partir de
então, a Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), principal unidade de informação da
universidade, assumiu a gestão do repositório.
Em 2013, foi criado o Setor de Repositórios Digitais (SRD), que passou a ser
responsável pelo gerenciamento do RDI, do Portal de Periódicos, da Biblioteca Digital de
Monografias (BDM) e da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). Em
dezembro de 2014, a BDTD foi desativada, devido à descontinuidade das atualizações, e
foi migrada para o RDI da UFRN. Em seguida, ela passou a ser uma comunidade dentro
do RDI (SILVA, 2018).
O servidor que hospeda o RDI da UFRN foi virtualizado em dezembro de 2014 no
datacenter da Superintendência de Informática (SINFO) da universidade, garantindo a
segurança dos dados por meio de uma política de backup, que define cópias diárias e
quinzenais, segundo estudo de Silva (2018).
O gerenciamento e a manutenção do RDI na UFRN são executados por uma
equipe de colaboradores composta por três bibliotecários, três bolsistas, um funcionário
de apoio técnico, além de um analista de sistemas e um técnico de Tecnologia da
Silva; Moura; Siebra; Pinto | Contribuições da Rede Cariniana para a preservação digital
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Informação (TI). O Repositório ainda conta com o suporte da SINFO, que é responsável
por manter o servidor virtual.
O software utilizado para a gestão e manutenção do RDI é o DSpace. Este é um
software open source, criado com base em padrões internacionalmente aceitos, como o
OAIS (Open Archival Information System) e o Dublin Core, e tem implementado o
protocolo OAI-PMH (Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting) (SILVA,
2018).
O DSpace admite múltiplos tipos de materiais, podendo ser arquivos de texto, de
som e de imagem, por exemplo, e em diferentes formatos de arquivos, como pdf, doc,
jpeg, entre outros.
O sistema é estruturado de modo que permite a esquematização dos conteúdos
por meio de uma disposição hierárquica composta por Comunidades, Coleções e Itens.
Hierarquicamente, a Comunidade representa o vel mais alto, podendo ser subdividida
em Subcomunidades, apresentando-se como uma espécie de estruturas organizacionais.
As Coleções agregam os Itens ou arquivos e podem estar relacionadas a uma ou várias
Coleções. Assim, no RDI as Comunidades dizem respeito aos centros, unidades
suplementares e unidades acadêmicas especializadas. As Subcomunidades são os
departamentos, cursos e programas de pós-graduação, e as Coleções são os artigos
publicados em periódicos, trabalhos completos apresentados em eventos, dissertações,
teses, livros eletrônicos e capítulos de livros. A distribuição da quantidade desses
materiais até a data em que este artigo foi construído é mostrada na Figura 3.
Figura 3 Quantidade de documentos no RDI da UFRN
Fonte: Repositório Institucional UFRN (2018).
-se que as dissertações e teses são a grande maioria dos documentos, com uma
quantidade de 8987 dissertações (67,6% do total de submissões) e 2642 teses (19,9%).
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Em seguida, tem-se 1398 artigos (10,5%), 192 livros (1,41%), 63 trabalhos completos
apresentados em eventos (0,47%) e 6 capítulos de livro (0,0004%), representando aqui
uma quantidade muito pequena. Ao total, o Repositório tem 13.288 documentos.
Para os arquivos relativos aos itens que compõem as coleções, de forma
padronizada, o DSpace aceita uma grande variedade de formatos. Todavia, no RDI da
UFRN encontram-se somente arquivos nos formatos PDF, ePub e doc.
Em relação ao depósito de informação referente à produção técnico-científica, a
Resolução estabelece que ele deve ser registrado no RDI pela comunidade universitária
(autoarquivamento) e que deverá ter seu acesso livre nacional e internacionalmente.
Por outro lado, também é determinado na Resolução que a BCZM tem o poder de
realizar o depósito designado, através da autorização dos autores ou por meio da
importação de informações disponibilizadas em outros repositórios.
Considera-se importante mencionar que o Repositório da UFRN está cadastrado
nos diretórios OPEN DOAR (Directory of Open Access Repositories) e OPEN ROAR
(Registry of Open Access Repositories), que são diretórios que m o objetivo de
potencializar as possibilidades de visibilidade e fluxo da informação científica.
No que concerne à preservação digital de seus documentos, em meados de 2014,
ao ser planejada a salvaguarda dos conteúdos armazenados em seus repositórios
digitais, garantindo seu acesso contínuo de longo prazo, a universidade iniciou estudos
para aderir à Rede Cariniana (SILVA, 2018).
6 ADESÃO DA UFRN À REDE CARINIANA: O CASO DO RDI
O interesse da gestão do RDI da UFRN na adoção de ferramentas dirigidas à
preservação digital de documentos tem como questão fundamental a garantia da guarda.
Ao se tratar de preservação de documentos, a motivação central é permitir a
possibilidade de sua recuperação e de seu acesso por longa data.
Sobre a situação do RDI em relação à sua inclusão na Rede Cariniana, a UFRN tem
ofício integrando-a à rede em questão desde 2015. A partir de então, atualmente, os
artigos de periódicos disponíveis do RDI da UFRN através do DSpace ainda não foram
considerados preservados pela Cariniana, tendo em vista que esta resolveu priorizar
inicialmente as revistas existentes no Portal de Periódicos da UFRN. Mas isso é algo
pensado para o futuro.
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A Cariniana está com um projeto piloto de preservar dissertações e teses e a
UFRN está fazendo parte desse projeto, participando de estudos em conjunto com a
Rede e com outras universidades, para se chegar à preservação efetiva desses tipos de
materiais. O esperado é, no fim da realização desses estudos, compreender as estratégias
necessárias para a preservação de teses e dissertações de todas as instituições
colaboradoras da Rede.
No que tange ao sistema de arquivamento digital, para o RDI da UFRN existem 2
(duas) caixas LOCKSS instaladas na Superintendência de Informática, de modo que se
preserva tudo que a Rede Cariniana solicita, não somente a produção da UFRN, mas
também, como prega a filosofia da Rede, de outras instituições que fazem parte da
colaboração.
Na visão da profissional responsável pelo RDI, entrevistada nesta pesquisa, é de
suma necessidade a instituição se sentir segura quanto à preservação digital dos
materiais dispostos no seu Repositório, de forma que seja possível o acesso em tempos
futuros, quando os documentos forem necessitados.
Em termos quantitativos, a estimativa anual referente ao crescimento do volume
de produção de arquivos digitais na UFRN, com base nos relatórios produzidos pelo
setor de RDI, apresenta uma média crescente de três mil documentos por ano, tanto no
contexto dos arquivos digitais da instituição no geral, como no RDI, especificamente, em
que as dissertações e teses compõem sua maioria.
Se tratando da atuação dos bibliotecários na comunicação do valor da
preservação digital para a comunidade universitária, foi colocado em pauta que a
preocupação ainda é incipiente, mesmo que sejam frequentes as discussões referentes
ao fomento de RDIs e Portais de Periódicos.
Uma questão fundamental colocada pela profissional refere-se à importância de
uma política de preservação digital instaurada nas instituições. Respondendo pela
própria UFRN, onde existem iniciativas e estratégias, ainda não existe uma política
integralizada e concreta de preservação digital para ser divulgada e que desperte a
preocupação não só da classe bibliotecária, mas das pessoas de um modo geral.
Em relação à produção da UFRN, é enfatizada a tipologia científica como a mais
adequada para a inclusão da Rede Cariniana, mesmo que existam as coleções voltadas à
memória, à cultura e a outras especialidades documentais. Como os repositórios estão
mais preparados para abarcar a produção científica, em vistas de acompanhar a
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perspectiva da Rede Cariniana, é pensada a produção científica como a prioritária do
repositório para entrar na rede, pelo menos inicialmente.
O RDI da UFRN coloca a Rede Cariniana como a principal estratégia de
preservação digital para os próximos 5 (cinco) anos, haja vista que a UFRN faz parte do
estudo, assim como a pretensão de que a Rede venha preservar todos os tipos de
documentos inseridos no RDI. Dessa forma, para os próximos 5 (cinco) anos, a
perspectiva de congregar toda a informação científica do RDI na Rede Cariniana e deixar
isso definido na Política de Preservação Digital da UFRN, que ainda não foi estabelecida
de forma oficial.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visando promover o acesso, a preservação e o uso da informação, a Rede
Cariniana vem realizando parcerias com várias instituições de ensino e pesquisa e de
especialistas brasileiros.
No contexto da UFRN, a partir do estudo realizado pela Rede com seu Portal de
Periódicos, todos os periódicos passaram a integrar a Rede Cariniana, tendo a garantia
de sua preservação. Porém, os documentos que se encontram no DSpace, ferramenta
usada na construção de seu RDI, ainda não tiveram seus estudos na Cariniana
finalizados, com uma perspectiva de que a Rede possa contribuir para a preservação de
todos os materiais, prioritariamente os científicos, nos próximos cinco anos.
A partir das informações coletadas na realização desta pesquisa, o crescimento
dos documentos no âmbito da UFRN e no RDI chama a atenção sobre a reflexão de ações
práticas no segmento da preservação digital. Também vale ressaltar que, mesmo que
existam as medidas de segurança, como as caixas LOCKSS e os backups, assim como as
medidas preventivas, é fundamental que a Política de Preservação Digital seja instituída,
sob um espectro social e científico. Isso é importante para documentar as iniciativas
adotadas e para que essas iniciativas sejam divulgadas e conhecidas por todos que fazem
parte da instituição.
Assegura-se que o propósito de enriquecer e contribuir para as iniciativas e
práticas sobre a preservação digital brasileira são bastante promovidos pela Rede
Cariniana. A UFRN, a partir de seu ingresso na Rede Cariniana, tem participado
ativamente dessa preservação distribuída. Assim, percebeu-se a importância da reflexão
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sobre a constante busca pelo domínio do conhecimento e das melhores práticas por
parte dos pesquisadores e responsáveis pela preservação digital de repositórios. Neste
sentido, acreditamos que o presente estudo possa contribuir juntamente às demais
pesquisas, cujo escopo volta-se à preservação digital, assim como possam emergir
trabalhos futuros, com vistas a fortalecer as discussões no âmbito da Ciência da
Informação.
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