INFORMAÇÕES SOLICITADAS NO AGENDAMENTO DE VISITAS ESCOLARES
EM WEBSITES DE MUSEUS BRASILEIROS
REQUESTED INFORMATION IN SCHOOL VISITS SCHEDULE ON
BRAZILIAN MUSEUM WEBSITES
Victor Hugo Ferreira Paiva1
Bruno Santana da Silva2
¹ Bacharel em Design pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN).
E-mail: victorh410@gmail.com
2 Doutor em Informática pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-
RJ). Professor Adjunto da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN).
E-mail: bruno@imd.ufrn.br
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Conflito de interesses: Os autores declaram
que não há conflito de interesses.
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Recebido em: 12 dez. 2022.
Aceito em: 14 out. 2023.
Publicado em: 17 out. 2023.
Como citar este artigo:
PAIVA, Victor Hugo Ferreira Paiva; SILVA, Bruno
Santana da. Informações solicitadas no
agendamento de visitas escolares em websites
de museus brasileiros. Informação em Pauta,
Fortaleza, v. 8, p. 1-16, 2023. DOI:
10.36517/2525-3468.ip.v8i0.2023.83051.1-16.
RESUMO
Museus podem contribuir com os processos de
ensino-aprendizagem dos seus públicos,
principalmente quando colaboram com instituições
de ensino que atuam na educação formal. O
agendamento de visitas escolares a museus é uma
atividade da gestão museal que pode servir de
ponto de partida para essa colaboração entre
museus e escolas na promoção do aprendizado.
Entretanto, poucos trabalhos anteriores
investigaram o agendamento de visitas escolares a
museus. Neste contexto, este trabalho investigou as
informações solicitadas no agendamento de visitas
escolares em websites de 12 museus brasileiros
através do todo de análise de conteúdo. Foram
identificadas 45 informações sobre responsável,
instituição, grupo de visitante e visitas. Destas, 21
delas foram recorrentes em pelo menos três
museus diferentes. As informações identificadas
neste trabalho podem servir de base para o
desenvolvimento e o aprimoramento futuro de
sistemas de informação de apoio à gestão museal,
em particular os digitais, de modo a favorecer a
comunicação e a colaboração entre museus e
escolas.
Palavras-chave: educação o formal;
necessidade informacional; sistema de informação.
Fortaleza, CE
v. 8
2023
ISSN 2525-3468
DOI: 10.36517/2525-3468.ip.v8i0.2023.83051.1-16
ARTIGO
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 8, 2023 | ISSN 2525-3468
ABSTRACT
Museums can contribute to teaching-learning
processes of their audiences, especially when they
collaborate with educational institutions that work
in formal education. Scheduling school visits to
museums is a museum management activity that
can serve as a starting point for this collaboration
between museums and schools in promoting
learning. However, few previous works have
investigated the scheduling of school visits to
museums. In this context, this work investigated
the information requested in the scheduling of
school visits on websites of 12 Brazilian museums
through the content analysis method. 45 pieces of
information were identified about responsible,
institution, visitor group and visits. Of these, 21 of
them were recurrent in at least three different
museums. The information identified in this work
can serve as a basis for future development and
improvement of information systems to support
museum management, in particular the digital
ones, in order to favor communication and
collaboration between museums and schools.
Keywords: non-formal education; informational
need; information system.
1 INTRODUÇÃO
Ao interagirem com o meio físico e social ao longo da vida, as pessoas vivenciam
um conjunto de experiências cotidianas que as permitem construir seus entendimentos
de mundo e se desenvolverem (Rego, 2013). A educação formal é promovida quando um
grupo de pessoas participa de ações educativas planejadas e estudam conteúdos
previamente demarcados. Ela é desempenhada por escolas, universidades e demais
instituições de ensino que promovem processos de ensino-aprendizagem sistematizados
em um ambiente propício aos estudos. Contudo, as pessoas também podem aprender
com suas atividades e experiências cotidianas, na interação com outras pessoas em
diferentes ambientes sociais que promovem a educação não formal (Cazelli; Vergara,
2007; Santos, 2016; Trilla, 2003). Momentos de lazer também podem contribuir para o
aprendizado.
Museus são instituições que podem assumir muitas responsabilidades na
sociedade (Boylan, 2015; Poulot, 2013). Uma delas é ser um espaço para a educação não
formal (Braga, 2017; Lima; Köptcke, 2018; Reis, 2021; Silva; Coelho, 2021; Reis; Pinheiro,
2009). Para o Conselho Internacional de Museus (ICOM), o museu é:
[...] uma instituição de carácter permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da
comunidade e do seu desenvolvimento, aberto ao público e que adquire,
conserva, divulga e expõe, com objetivos científicos, educativos e lúdicos,
testemunhos tangíveis e intangíveis do homem e do seu meio ambiente.
(Boylan, 2015, p. 241, grifo nosso).
Paiva e Silva | Informações solicitadas no agendamento de visitas escolares em websites de museus brasileiros
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Museus são instituições que possibilitam aos seus públicos momentos de lazer
durante a participação de atividades de interação, comunicação e reflexão. Esse conjunto
de atividades promovidas em exposições, eventos, minicursos, workshops e outras ações
museais podem auxiliar o aprendizado humano. As ações educacionais realizadas por
museus costumam ser tão importantes a ponto de poderem ser responsabilidade de um
setor específico (Cury, 2021), que organiza e gerencia os seus processos, como
preconizam a Política Nacional de Museus (Brasil, 2003) e a Política Nacional de
Educação Museal (IBRAM, 2017) no Brasil.
A educação não formal proporcionada pelos museus pode ser associada à
educação formal oferecida pelas instituições de ensino. Esse trabalho conjunto pode
tornar o aprendizado mais dinâmico e proveitoso. Desse modo, escolas e museus
precisam trabalhar de forma colaborativa, somando esforços para promoverem um
melhor aprendizado.
A literatura relata várias pesquisas sobre ações educativas em museus brasileiros
de vários estados do país (Bernardi et al., 2021; Cretton; Pinto, 2012; Dahmouche et al.,
2020; Gomes, 2009; Machado, 2009; Muñoz, 2020). Esses estudos apresentam
iniciativas em diferentes tipos de museus, tratando sobre o que ocorre durante a
visitação e suas repercussões no aprendizado (Germano, 2020; Köptcke, 2014;
Marandino, 2001; Santos, 2016). Contudo, essa interação entre museus e escolas o
está restrita somente ao que ocorre durante a visitação. Esse contato pode iniciar antes
da visita, no momento em que os professores conhecem previamente as atividades e
exposições do museu, passam pelo agendamento da visita e depois a realiza. Além disso,
a interação pode continuar após a visita, quando forem realizadas discussões em sala de
aula sobre o que foi observado e vivenciado no museu.
Os museus precisam gerenciar o fluxo de visitas escolares que recebem, pelo
volume de visitantes envolvidos. O agendamento de visitas escolares possibilita que os
museus organizem melhor suas atividades, em particular dos seus setores educativos
para receber as instituições de ensino. Assim, a interação museu-escola poderia iniciar e
girar em torno do agendamento de visitas escolares. Aos poucos, ela iria se ampliando
para promover a colaboração e a comunicação produtiva para as instituições envolvidas,
de modo a contribuir com os processos de aprendizagem dos visitantes.
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Existe um número reduzido de trabalhos anteriores que discutem o agendamento
de visitas escolares a museus. Eles geralmente investigam os perfis dos públicos
escolares (Damico et al., 2009; Silva; Medeiros, 2021; Silva, M.; Silva, J., 2015) ou o
motivo de cancelamento das visitas ao museu (Mano; Damico, 2013). O processo e as
informações do agendamento de visitas escolares a museus ainda são pouco
investigados. O único trabalho conhecido investigou oportunidades de melhoria no
processo de agendamento de visitas escolares no Museu Câmara Cascudo (Silva; Paiva,
2022). Dentre as oito oportunidades identificadas neste estudo, Silva e Paiva (2022)
apontam a necessidade de revisar as informações utilizadas no processo de
agendamento de visitas escolares a museus. Eles argumentam que é preciso verificar se
as informações atuais são importantes para serem mantidas ou se elas devem ser
modificadas ou removidas. Além disso, deve-se investigar quais outras informações
também deveriam ser consideradas neste processo.
Assim, a fim de ampliar o entendimento de (Silva; Paiva, 2022) sobre as
informações necessárias em um museu, este trabalho teve por objetivo investigar as
informações solicitadas no agendamento de visitas escolares em sites de 12 museus
brasileiros. Identificar e analisar essas informações é uma ação importante para
subsidiar o desenvolvimento e o aprimoramento futuro de sistemas de informação de
apoio à gestão museal. Em particular, para apoiar a melhoria da comunicação e
colaboração entre museus e escolas.
2 METODOLOGIA
Para investigar as informações solicitadas no agendamento de visitas escolares a
museus, este trabalho realizou uma pesquisa qualitativa exploratória descritiva (Gil,
2019). Empregou-se o método de pesquisa documental (Kripka; Scheller; Bonotto, 2015)
para se analisar websites de 12 museus brasileiros. O ponto de partida foi a Plataforma
Museusbr (Figura 1) do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que reúne um cadastro
nacional dos museus brasileiros. Quando se seleciona um museu nesta plataforma, sua
página de detalhes mostra o link do website, e-mail, telefone, endereço, dentre outras
informações (Figura 2).