OS DOCUMENTOS DE ARQUIVO E A PRESERVAÇÃO DE UM PATRIMÔNIO: a
importância do acervo das pedras litográficas para o Núcleo de Arte
Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (NAC/UFPB)
ARCHIVAL DOCUMENTS AND THE PRESERVATION OF A HERITAGE: the importance of
the collection of lithographic stones for the Núcleo de Arte Contemporânea da
Universidade Federal da Paraíba (NAC/UFPB)
Thiago Alves Ribeiro¹
Geysa Flávia Câmara de Lima2
Lucas Lima Santos3
1 Arquivista pela Universidade Federal da
Paraíba.
E-mail: thialri@gmail.com
2 Professora do Departamento de Ciência da
Informação da Universidade Federal da Paraíba.
Doutora em Ciência da Informação pela UFPB.
E-mail: geysaflavia@gmail.com
³ Arquivista da Universidade Federal da Paraíba.
Mestre em Ciência da Informação pela UFPB.
E-mail: lucaas@hotmail.com.br
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Recebido em: 19 mar. 2023.
Aceito em: 22 ago. 2023.
Publicado em: 14 out. 2023.
Como citar este artigo:
RIBEIRO, Thiago Alves; LIMA, Geysa Flávia
Câmara de; SANTOS, Lucas Lima. Os documentos
de arquivo e a preservação de um patrimônio: a
importância do acervo das pedras litográficas
para o Núcleo de Arte Contemporânea da
Universidade Federal da Paraíba (NAC/UFPB).
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 8, p. 1-22,
2023. DOI: 10.36517/2525-
3468.ip.v8i0.2023.85173.1-22.
RESUMO
O presente artigo objetiva apresentar as formas
de documentação/obras do acervo de pedras
litográficas do Núcleo de Arte Contemporânea
da Universidade Federal da Paraíba (NAC/UFPB)
e estabelecer o contexto no qual essas imagens
eram produzidas, iniciando pela própria técnica:
a litografia. Nosso percurso metodológico é
construído a partir da pesquisa do tipo
bibliográfica e descritiva, e abordou um tema
ainda pouco estudado no âmbito da
Arquivologia, caracterizando-se, portanto, como
de caráter exploratório. Constata-se que diante
da diversidade de informações e com o
desenvolvimento de diferentes técnicas e
métodos de organização documental, nos
Fortaleza, CE
v. 8
2023
ISSN 2525-3468
DOI: 10.36517/2525-3468.ip.v8i0.2023.85173.1-22
ARTIGO
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deparamos com um acervo de pedras
litográficas, quase em sua totalidade
abandonado. Assim, elencamos de maneira geral
a situação do acervo de pedras litográficas do
NAC/UFPB, por ser um espaço silenciado e
esquecido, porém seus arquivos e relíquias, o
de suma importância para nossa sociedade e
trajetória. Conclui-se que é perceptível a
necessidade da preservação da documentação
armazenada nos arquivos, uma vez que os
documentos públicos podem e devem ser
acessíveis à sociedade. No entanto, é
imprescindível a intervenção do Estado no que
se refere à organização e salvaguarda, para,
posteriormente, tornar o acervo acessível.
Palavras-chave: acervo; pedras litográficas;
preservação; Núcleo de Arte Contemporânea;
Universidade Federal da Paraíba.
ABSTRACT
This article aims to present the forms of
documentation/works of the collection of
lithographic stones of the Núcleo de Arte
Contemporânea da Universidade Federal da
Paraíba (NAC/UFPB) and to establish the
context in which these images were produced,
starting with the technique itself: lithography.
Our methodological approach is based on
bibliographic and descriptive research, and
addresses a subject that has been little studied in
the Archival field, and is therefore of an
exploratory nature. We find that, in the face of
the diversity of information and with the
development of different techniques and
methods of document organization, we are faced
with a collection of lithographic stones that is
almost totally abandoned. Thus, we list in
general terms the situation of the collection of
lithographic stones of the NAC/UFPB, as it is a
silenced and forgotten space, but its archives
and relics are of utmost importance for our
society and trajectory. We conclude that the
need to preserve the documentation stored in
the archives is perceptible, since public
documents can and should be accessible to
society. However, it is essential that the State
intervenes in terms of organization and
safeguarding, to subsequently make the
collection accessible.
Keywords: collection; lithographic rocks;
preservation; Núcleo de Arte Contemporânea;
Universidade Federal da Paraíba.
1 O ENCANTAMENTO DOS DOCUMENTOS DE ARQUIVO: O COMEÇO
Locais históricos e que costumam preservar seus patrimônios e acervos,
sobretudo os arquitetônicos e raros, geram em sua população maior conscientização e
respeito pela sua memória e costumes, viabilizando canais relevantes que traçam um
relacionamento cultural e artístico com as pessoas, elevando assim o vel de
conhecimento e consequentemente a longevidade deles.
Halbwachs (2013), que trata a memória como fenômeno consciente, coletivo e
intencional, afirma que vivemos e lembramos no meio social e material. Assim, esse
histórico se constrói a partir da preocupação do presente em resgatar uma forma de arte
projetada para o passado, através de métodos, técnicas, teorias e conceitos relacionados.
Neste trabalho incluímos reflexões sobre as informações que compõem a
memória do acervo de pedras litográficas do Núcleo de Arte Contemporânea da
Universidade Federal da Paraíba (NAC/UFPB), bem como a problemática de se tratar
esse tipo de acervo, devido ao desgaste pelo tempo, perdas ao longo dos anos, questões
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relacionadas à estrutura física e/ou falta de manutenção e recursos financeiros e
humanos.
Para Paes (2004, p. 29), o acervo das pedras litográficas não deixa de ser uma
tipologia documental fixada em um estilo de arquivo dentro do NAC/UFPB, pois os
documentos podem ser notados através do registro de uma informação, independente
da natureza do suporte que a contém, ou seja, podem ser catalogados como:
Escritos ou textuais: documentos manuscritos, datilografados ou impressos;
cartográficos: documentos em formatos e dimensões variáveis, contendo
representações geográficas, arquitetônicas ou de engenharia (mapas, plantas,
perfis); iconográficos: documentos em suportes sintéticos, em papel
emulsionado ou não, contendo imagens estáticas (fotografias, desenhos,
gravuras etc.); filmográficos: documentos em películas cinematográficas e fitas
magnéticas (fitas, filmes etc.); sonoros: documentos com dimensão e rotação
variáveis; micrográficos: documentos em suporte fílmico resultantes da
microimpressão de imagens, mediante utilização de técnicas específicas;
informáticos: documentos produzidos, tratados ou armazenados em
computador (disco rígido, disco óptico, fita magnética etc.).
Neste sentido, uma imensidão de suportes e gêneros que nos faz minuciar cada
detalhe e riqueza desses acervos raros, os quais nos permitem vislumbrar peças ou
materiais que não se produz na natureza, ressignificando muitos costumes artísticos
antes não valorizados por conta da abundância não mais existente, levando-nos a
resguardá-los com mais afinco para as vindouras gerações.
Antes do advento da escrita, o homem já registrava suas rotinas com desenhos e
símbolos. Por mais que a evolução desses suportes tenha tornado um a um de seus
antecessores defasados, é inegável observar que, teoricamente, o conteúdo
informacional permanece e continua a ser fonte de informação.
De acordo com o Arquivo Nacional (Brasil, 2019), o fator decisivo que confere a
um documento a sua condição de documento arquivístico é que ele faça parte de um
conjunto orgânico e desempenhe uma determinada função ao ser produzido; desta
forma, qualquer ação ou acontecimento que se deve comprovar precisa da produção de
um documento.
Neste sentido, sempre que adentramos em um arquivo, seja de que tipologia for,
somos impulsionados a observar seu valor, conteúdo, origem e sobretudo o legado que
ele representaria para a sociedade se estivesse devidamente resguardado e acessível. Os
arquivos de guarda permanente, possuem definição objetiva e clara da relevância destes
para a disseminação da memória e construção do patrimônio como um “conjunto de
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documentos preservados em caráter definitivo em função de seu valor” (Brasil, 2019, p.
101).
Assim, através da massa documental, o acervo engloba uma memória registrada,
fixada e palpável de toda uma população, em que se encontra inserido através dos
costumes, identidades, vínculos e história transcritos em papéis, pinturas, imagens,
mídias e todo tipo de suporte que necessitam de uma gestão, conscientização,
higienização e restauro constante para que nada se perca com o passar do tempo, das
políticas e dos modos humanos que desvirtuem e façam perder essa dinâmica.
Ao mesmo tempo em que o arquivo reflete um universo memorial, ele em
conjuntura adiciona a importância de todo conteúdo ali firmado para nós, e essa
importância é a que traz a medida certa do quanto é precioso e necessário cuidar e
fortalecer o sentido de arquivo, onde diversas fontes de informação de imensa
imprescindibilidade, o que definiria um vasto e abundante patrimônio. Castro (2008, p.
8) deixa exposto a aproximação do arquivo com o sentido de patrimônio quando
transcreve “a definição do que é considerado patrimônio, e nisto incluem os arquivos”.
Ou seja, ambos pertencem a mesma linha de raciocínio e se completam quanto ao
restauro e eternização da história.
Relacionando estas três palavras (arquivo, memória e patrimônio) e
compreendendo seus significados, podemos ressignificar nossas formas de pensar
quando nos deparamos com a amplitude do arquivo, das memórias e do patrimônio,
surgindo um sentido mútuo de que ambos são pontes de um processo em que a história
e as memórias de um povo e de uma instituição são marcadas para testemunhar e assim
conservar, dar descrição de ocorridos, tradições, culturas e divulgar o patrimônio
histórico, cultural, religioso, memorialístico, arquitetônico, de forma materializada e
simbolizada em variados suportes, avaliados e selecionados, como espelhos de uma
cultura respaldada e tombada patrimonialmente.
Diante do exposto, é perceptível a necessidade da preservação da documentação
armazenada nos arquivos, uma vez que os documentos públicos podem e devem ser
acessíveis à sociedade. No entanto, é imprescindível a intervenção do Estado no que se
refere à organização e salvaguarda, para, posteriormente, tornar o acervo acessível.
Portanto, neste país, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estipula
em seu Artigo 23: “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios: [...] III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
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histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos; [...]” (Brasil, 1988, p. 18).
O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (BRASIL, 2005, p. 135) traz
a seguinte definição para preservação: “Prevenção da deterioração e danos em
documentos, por meio de adequado controle ambiental e/ou tratamento físico e/ou
químico.” Logo, a preservação documental é de extrema importância, pois visa a
proteger os documentos de possíveis degradações que o acervo possa sofrer, sendo
necessário a observação da ação dos vários agentes de degradação, que podem ser
internos ou externos ao suporte em que se encontra a informação.
Para Bellotto (2014), após o documento cumprir a função para a qual foi criado,
ele será preservado para fins de pesquisa, testemunho e patrimônio cultural. Salienta-se
que independentemente da finalidade da preservação documental, a manutenção é
essencial para manter o bom estado físico do suporte, de forma a evitar a deterioração
do patrimônio documental.
Visto isso, o Brasil tem uma imensa diversidade cultural e isso o configura como
uma das nações com mais patrimônios materiais, sejam eles em bom estado ou em
deterioração, muitos se encontram tombados e de certa forma protegidos, mas é de
nítida percepção o grau de abandono que diversos locais sofrem. Não é diferente em
relação a casarões antigos, em sua maioria localizados em áreas não mais tão habitadas,
ativando um cenário fantasma com verdadeiros monumentos destruídos. Segundo
Choay (2006, p. 26), “O monumento tem por finalidade fazer reviver um passado
mergulhado no tempo”, e lamentavelmente a conjuntura atual é de gradativa perda de
identidade histórica e de memória, frente a tanta inércia.
para Duarte Júnior (2006, p. 26) patrimônio é “o conjunto de bens avaliados
em dinheiro, relacionando-se simultaneamente às esferas da natureza, da genética, da
economia, da nação e, como não poderia deixar de ser, à da cultura”. Costa (2011, p. 28)
prioriza o entendimento que é: “[...] a empresa do ser humano relacionada à tríade
arte/memória coletiva/repasse de saberes, protegida pelo direito, tendo em vista o
princípio constitucional da dignidade, tanto do universo humano, quanto dos indivíduos,
ligada à ideia emancipatória de desenvolvimento”.
Entender o patrimônio como interesse público não é suficiente para mobilizar a
sociedade, pois ela não percebe seu valor e nem a necessidade de protegê-lo. A
identificação com o conhecimento provoca uma alteração na forma de ver e perceber as
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coisas e o mundo. Portanto, para preservar o patrimônio, ações específicas de proteção
devem ser tomadas, de forma que é fundamental que cada indivíduo tenha ciência da
relevância do seu patrimônio e como protegê-lo. Além de entender os mecanismos
administrativos e jurídicos utilizados para esse fim.
Quando se trata de um arquivo histórico, asseguramos que aquela massa seja
bem preservada e de fácil acesso para os usuários, e esta responsabilidade vai além ao se
tratar um acervo onde a sua matéria prima entrou em rareza, e consequentemente sua
história depende de seu resguardo e conservação. Todavia, um choque sempre
quando o local que abriga este acervo é um belo patrimônio que em sua estrutura se
encontra o retrato fiel do descaso, e gradativamente vai refletir nas condições dele.
A reparação destes monumentos, nem sempre é bem recebida por se tratar de
um trabalho minucioso e que não deverá constituir no novo trato falsos traços
arquitetônicos que fujam da beleza natural daquela construção. De acordo com Brandi
(2005, p. 33): “[...] a restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da
obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso
histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo”.
Dentro desta concepção, é de imensa relevância o papel multidisciplinar em
conjunto com a ideia de elevar e tornar sociável aquele ambiente, sem que o mesmo
perca sua identidade para algo fora do gênesis e dessa forma tornar o arquivo com sua
massa um ambiente apropriado, gerando o mútuo interesse do poder público e da
sociedade que percorre um trajeto de menosprezo pelo seu patrimônio, mesmo que de
uma maneira involuntária, questão bem lembrada por Gasparini (2005, p. 45),
“condenando-o, ainda que de forma inconsciente, à destruição”.
Através disto, surgiu como indagação: Será que os estudantes, professores,
pesquisadores e a sociedade paraibana têm conhecimento da existência deste arquivo?
Como trazê-lo à memória e ao domínio de todos?
O objetivo principal deste estudo é apresentar as formas de documentação/obras
do acervo de pedras litográficas do NAC/UFPB e estabelecer o contexto no qual essas
imagens eram produzidas, iniciando pela própria técnica: a litografia.
Diante do exposto, nosso percurso metodológico é construído a partir da
pesquisa do tipo bibliográfica e descritiva, e abordou um tema ainda pouco estudado no
âmbito da Arquivologia, caracterizando-se, portanto, como de caráter exploratório.
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2 O NÚCLEO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UFPB: UM POUCO DE HISTÓRIA
O NAC/UFPB está alicerçado em um antigo casarão localizado na rua das
Trincheiras, Centro Histórico da capital paraibana, João Pessoa. Este patrimônio imóvel,
histórico e cultural, foi absorvido pela UFPB na longínqua década de 60, mais
precisamente no ano da fundação da UFPB, em 1961, pelo então governador do Estado,
José Américo de Almeida. Até servir como NAC/UFPB, a Faculdade de Odontologia da
UFPB exercia suas labutas por aqueles corredores, antes disso serviu como sede de
escola normal e diretoria de saúde pública do Estado. O NAC/UFPB concebido e
normalizado pelo Conselho Universitário da UFPB em 1978, tem como desígnio
salvaguardar a atividade do Estado paraibano no palco das artes contemporâneas, afora
servir de encontro para pesquisadores, oficinas, eventos e cursos. Entretanto, nem
sempre sua trajetória foi de luz, visto que no início era ponto de convergência para
críticos de arte, artistas renomados e grandes exposições, mas no decorrer do tempo,
foram inúmeros pedidos de amparo, visto a diminutiva de material, situação crítica das
artes na Paraíba, falta de pessoal capacitado e conservação, chegando ao grau de não ter
condições seguras de se manter funcionando.
Naquele ano de fundação, em 21 de setembro, o Jornal do Brasil redigiu uma nota
que dizia: “[…] logo se ligaram três outros paraibanos por ali fixados o pintor e
programador visual Raul Córdula Filho, o artista plástico Francisco Pereira Junior, e o
sociólogo Silvino Espínola”, todos localizados na Universidade Federal da Paraíba
(PONTUAL, 1978). E as notícias não pararam por aí, pois o Jornal O Globo de 16 de abril
de 1979, também reverenciou o surgimento do tão aguardado núcleo:
[O NAC] nasceu da iniciativa do Pró-Reitor para assuntos comunitários da UFPB,
professor Iveraldo Lucena ao convidar Antônio Dias e o Crítico Paulo Sergio
Duarte, paraibanos ambos, para elaborarem o projeto inicial. Isto em fevereiro
do ano passado. Em setembro estava formado o grupo que iria implantá-lo e
que inclui além de Dias e Duarte, outro artista plástico e também programador
visual, Raul Córdula Filho, hoje coordenador do núcleo. O museólogo Francisco
Pereira e o sociólogo Silvino Espínola (MORAIS, 1979, não paginado).
Segundo o documento de criação, o núcleo deverá atuar em cinco frentes
principais: a) - produção de eventos e amostras que encontram dificuldades de
se realizar, seja pela carência de meios locais, seja pelo caráter não comercial
do evento; b) desenvolver palestras, cursos, seminários, levando a elaboração
de projetos de pesquisa que envolvam outros departamentos, outros campos de
conhecimento e a própria comunidade. Na medida em que servir como
experiência a ser multiplicada em outros locais e instituições (MORAIS, 1979,
não paginado).
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Figura 1 O casarão
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Em toda sua estrutura há rachaduras, forros caídos, goteiras, paredes com mofos,
portas e janelas quebradas, produtos de limpeza escassos, falta equipamentos e
utensílios em geral para servir aos colaboradores e visitantes. Tem um terreno total de
quase 2.000m², o casarão foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
do Estado da Paraíba (IPHAEP) em agosto de 1980, dois anos depois do NAC/UFPB
surgir fisicamente, pois apenas neste mesmo ano do tombamento, foi que o Núcleo
recebeu o aval de direito pela Resolução n. 33/80 do Conselho Superior de Ensino,
Pesquisa e Extensão (CONSEPE) da UFPB, que garante:
Art.° 1 Fica criado o Núcleo de Arte Contemporânea (NAC), com a finalidade
de estudar, promover e difundir as artes visuais contemporâneas na
Universidade e na comunidade em geral, executar e/ou participar de
programas interdisciplinares compatíveis com seus objetivos: manter uma
infraestrutura de produção e documentação artística ligada ao ensino, a
pesquisa e a extensão. Art.° 2 O Núcleo de Arte Contemporânea (NAC) tem
sede no Campus de João Pessoa, e está vinculado à Pró-reitoria para assuntos
comunitários. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 1980, não paginado).
De fato, é uma relíquia, com divisórias ao estilo clássico do final do século XIX,
direito alto, amplas janelas, varandas ao entorno, tudo bem desgastado e um belo espaço
para o jardim, onde hoje está construído o teatro Lima Penante ligado a UFPB. Como
bem escreveu Sarah Falcão em seu blog intitulado de “overmundo”:
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A decadência do NAC começou em 85 quando o projeto não dispunha do
apoio financeiro que havia no começo. Além disso, o prédio passou dois anos
sem funcionar. Quando aconteceu a reabertura não havia interesse dos
professores e artistas em continuar o projeto. A revolução artística havia
acontecido na cidade. Os fundadores do Núcleo o estavam mais na UFPB.
Sendo assim, o projeto ficou abandonado às baratas. Chegando a ponto de
exibir exposições de artesanato e cerâmica para as senhoras da “alta sociedade
paraibana”. Os artistas locais sem entender o propósito do Núcleo voltaram-se
contra o projeto alegando que este não dava vez aos artistas conterrâneos.
Sendo assim, selou-se a “morte” do NAC (FALCÃO, 2007, p. 7).
Figura 2 Situação do teto em uma das salas até o mês de outubro 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Na figura 2, observa-se parte do revestimento do teto caído. Funcionários
informaram que fora consertado inúmeras vezes, mas sempre volta a cair e permanece,
adentrando poeira, água e bichos, em cima de livros e estantes. Como o NAC/UFPB se
localiza em uma via de alto movimento de carros e ônibus, é constante uma poeira negra
no material e caixas, independente do quanto se limpe é de fato necessário um maior
isolamento dos recintos. Há reforma paliativa sendo planejada para esta área e outras do
prédio, com previsão para o ano de 2022.
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Figura 3 Espaço externo do NAC/UFPB em agosto de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Figura 4 Lateral do NAC/UFPB em outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Figura 5 Interior do NAC/UFPB e entrada para o acervo das pedras litográficas em outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
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As múltiplas faces que compõem o NAC/UFPB, foram se dando conforme as
atividades, oficinas e exposições realizadas, assim como, a partir dos materiais
resultantes dessas ações e a memória do Núcleo é alimentada por esta fonte
diversificada de informação, e essas fontes de informação têm dado uma contribuição
significativa para isso. Com o apoio, cooperação e incentivo de órgãos governamentais,
doações, entre outros, este acervo se transmuta a cada instante que um novo documento
se aglutina ao restante.
Diante da diversidade de informações e com o desenvolvimento de diferentes
técnicas e métodos de organização documental, nos deparamos com um acervo de
pedras litográficas, quase em sua totalidade abandonado. Assim, elencamos de maneira
geral a situação do acervo de pedras litográficas do NAC/UFPB, por ser um espaço
silenciado e esquecido, seja por culpa de seus dirigentes, seja pela política cultural da
UFPB, como também por sua sociedade que não (re)conhece seu espaço e seu acervo
como parte de seu patrimônio cultural.
3 O ACERVO DAS PEDRAS LITOGRÁFICAS DO NAC: DESCORTINANDO OS ESPAÇOS
A litografia é um meio de impressão centrado na não mistura da água e óleo. Teve
seu surgimento no século XVIII, mais precisamente no ano de 1796, através da
engenhosidade de um alemão chamado Alois Senefelder, e inicialmente esta forma de
reprodução artística, era na pedra de placa do calcário bem lisa e nivelada. Vale salientar,
que hoje em dia já existem diversos materiais que se dão o uso na arte de gravar, como a
madeira, o nylon, o metal, etc., mas a que temos em contato é a tradicional, pelas placas
de pedra calcária.
No final dos anos 1700, o alemão e ator Alois Senefelder, usou uma pedra que
tinha em sua oficina e iniciou o processo de desenho gráfico de letras, cuja matéria
prima utilizada além da pedra, foi um verniz gorduroso que arremeteu as áreas
descobertas com ácido, transformando-se em um relevo que facilmente receberia a tinta,
mas ao avançar no seu experimento ele conclui que o relevo não seria necessário
deixando-se a forma plana.
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Figura 6 Exemplo de pedra litográfica
Fonte: Heitlinger (2007).
Os anos foram avançando, ele funda sua gráfica, e consequentemente as
polêmicas surgem no requisito: originalidade. Assim, a litografia foi ganhando cada vez
mais espaço na Europa e no modo de gravar, seja no surgimento de empresas voltadas,
como também em registros de obras-primas de grandes mestres como Francisco de
Goya e demais artistas de várias esferas que através deste jeito de projetar, foram
usando sua imaginação, acréscimos, cores, ritmos e diversidades. De acordo com o
Boletim nº 1428 da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG):
Com suas reservas esgotadas, a pedra litográfica é um material calcáreo
proveniente da região da Bavária, Alemanha. A principal característica dessa
pedra, que hoje é encontrada em ateliês de artistas, é a sensibilidade à
gordura, essencial para o processo de gravação da imagem. O desenho é feito
com materiais formados por partículas gordurosas, como lápis ou crayon
litográfico, ou tusche, sobre a pedra que possui uma granulação que possibilita
a aderência do material gorduroso. A pedra passa por um processo de gravação
química, que deixa a gordura penetrar, criando uma "mancha química" e
tornando as áreas sem imagem insensíveis à recepção de gordura. Para
reaproveitar a pedra litográfica, basta polir a sua superfície (Hespanha, 2004,
não paginado).
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Figura 7 Johann Alois Senefelder
Fonte: Heitlinger (2007).
Figura 8 Máquina de uso para litografia
Fonte: Heitlinger (2007).
No Brasil não foi muito diferente do restante do mundo, no sentido da explosão
das litogravuras, onde como quase sempre a corte trazia essas novidades e servia de
impulso para muitos artistas estrangeiros visitarem o Brasil e deixarem suas marcas
como o francês Pierre Victor Larée, um dos mais importantes litógrafos da regência. Na
terra dos trópicos, o método veio quase que instantaneamente aos países europeus, foi
adentrando no contexto comercial com diversos ateliers, plantas, estampas, mapas e até
registros de caráter cômico com as caricaturas, onde ao imperador D. Pedro I possuía
sua oficina litográfica em São Cristóvão e o arquivo real militar também teve a sua.
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Na metade do século XX, o método foi perdendo espaço para a modernidade a
exemplo das impressões industriais, fazendo com que a litogravura caísse em
imprestabilidade pelo seu método artesanal e o início da raridade das pedras e prensas
litográficas bem como da mão de obra qualificada. Daí para a frente foram surgindo
alguns saudosistas que encontravam antigas prensas em ferro velhos, pedras em pisos
de jardins e tentavam levar o estilo adiante, mas nada como antes, afinal, a modernidade
já demonstrava outros métodos menos arcaicos.
A litografia se tornou algo cult, seja em festivais, ou adentrando em fluxogramas
de cursos clássicos e até servindo de inspiração para ministração de aulas, com isto a
pedra havia se tornado cara, era muito pesada e foram substituídas por placas de
alumínio.
Existe toda uma mecânica para se chegar à finalidade da arte, são etapas
minuciosas e bastante interligadas, dessa maneira sempre se necessitou de profissionais
para apresentar esta dinâmica em oficinas, mas com o desuso desta representação
litográfica, acabou que diminuindo em quase total a quantidade de especialistas. Segue
abaixo o roteiro:
a) Limpeza da pedra: lapidando as bordas, granitar com pó de numerações distintas,
passar ácido acético. O pó tinha que ser de número 80, 150,180 e 220;
b) Etapa do desenho: secar a pedra, usar um tipo de goma (arábica) para margear a
pedra no mínimo 3 cm, esperar secar a pedra para desenhar, usar o ácido acético
a 5% e posteriormente queimar com goma pura;
c) Gravação: usando breu e talco e de acordo com tabela de acidulação que é uma
mistura de goma arábica mais ácidos, e dependendo do trabalho, uma
necessidade de usar mais acidulações para maior apuração. Deixar agir por uma
hora e meia a acidulação entre três queimas existentes onde na primeira se deve
proteger as áreas mais sensíveis com goma pura e acidular. Na segunda queima,
tirar a goma com esponja apropriada (litográfica), passando o rolo com tinta e
acidular. Na última queima, se retira a imagem ao acidular.
Sobre a acidulação, César Clímaco (2000, p. 35) expõe: “Não existe uma fórmula
definitiva e única para a acidulação, o que equivale dizer que existe uma fórmula perfeita
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para cada desenho; portanto, cada desenho exige uma acidulação própria. A pedra pode
entrar em choque quando se usa uma acidulação inadequada”.
d) Uso da tinta: o preparo dela ocorre no dia anterior, e uma mistura contendo
tinta com verniz, vaselina e carbonato de magnésia;
e) Impressão: renova-se e estica-se bem a goma da pedra e deixa secar, tira a
imagem com solvente, passa asfalto líquido sem deixar secar, lavar com água,
manter sempre a pedra úmida, entintar e umedecer os papéis para a tiragem e
nunca limpar o rolo de borracha com thinner.
De forma sucinta, a pedra geralmente é composta de calcário de espessura 5 cm,
bastante lisa e apropriada para este tipo de trabalho, arredonda-se as bordas com uma
pedra lima, limpa-se a mesma com grão médio 150 ou pó de areia fina, espalhando ácido
acético duas vezes em um intervalo de dois minutos, usa grão fino 220 mais duas vezes,
jogando água e posteriormente lixando-a de maneira circular com outra pedra calcária
mantida para este fim apagando a imagem anterior, pois pode ser reutilizável. O
desenho é feito com um papel colocado em cima da matriz (pedra), feito com um lápis e
tinta litográfica, contendo elementos próprios como citado no tópico “d” acima.
O desenho feito, coloca-se pó de talco (oriundo do mineral) em cima e logo após
vem com a acidulação com a goma arábica, isolando as áreas que irão receber tinta.
um repouso de 24h e no momento certo derrama-se água rás e alisa de maneira circular,
usa-se um rolo com tintagem, lâmina de aço e impressão na máquina, onde se colocam
outros papéis em cima da pedra para que o desenho seja reproduzido naquela
quantidade. Nesta fase a máquina é girada pelo profissional, as folhas prensadas sob a
pedra e consequentemente o desenho é reproduzido, estilo a serigrafia em tecido. Vale
citar que, se tratando de um procedimento tão trabalhoso, alguns detalhes vão depender
de cada artista, como tempo, quantidade, modo de desenhar e lixar etc.
Através desta demonstração, constatamos o grau de preciosidade, minuciosidade
e atenção que esse processo exige, sobretudo o indivíduo conter de fato a agilidade,
vontade e amor para realizar tal função, um imenso volume de nichos e ingredientes
para se chegar à litogravura final. Consequentemente, no desuso do costume, não
aparecem novos técnicos ou pessoas capazes de passar adiante toda a técnica, nem para
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nos demonstrar na prática, e juntando com a forma tão precisa e a escassez da matéria
prima, as pedras litográficas se revelam mais raras e de necessária preservação.
Ao averiguarmos engenhosa articulação artística, conseguimos enxergar o
conjunto de obras primas que o NAC/UFPB tem sob sua responsabilidade, ambos
necessitando de cuidados amplos, reforços e melhor apresentação ao público para que
todos tenham conhecimento da importância em perpetuar o acervo de pedras
litográficas.
No NAC/UFPB, há um arquivo tradicional, com documentos, caixas arquivo, livros
e todo um material visto e revisto, localizado em uma das salas laterais do histórico
Casarão na rua das Trincheiras, mas ao adentrar no patrimônio imóvel, os visitantes
dificilmente se depararão de imediato com o outro arquivo, em que se alojam as pedras,
localizado nos fundos da casa. O arquivo o se limita a uma, duas ou três tipologias,
mas no Núcleo ele se reinventa, se reforça e ganha corpo com uma massa documental
em outra vestimenta e característica, mas não menos importante, histórica ou simbólica
que os documentos tradicionais.
São 240 (duzentos e quarenta) pedras litográficas de diversos autores como por
exemplo: Valdir Santos, Hermano José e Carlos Alberto (Betico), atualmente o único
litógrafo existente na região e residente no interior do estado da Paraíba. As mesmas
não contêm a assinatura do autor, essa aparece somente na arte impressa.
É averiguado quatro formatos de pedra no núcleo:
a) Altura 84 cm e largura 65cm;
b) Altura 68 cm e largura 54 cm;
c) Altura 43 cm e largura 54cm;
d) Altura 36 cm e largura 27 cm.
A escolha das pedras vai desde a sua tonalidade até a resistência, como bem
expõe Alice Jorge e Maria Gabriel (2000, p. 110):
As mais duras existem nas cores que o desde o cinza escuro e azulado, até os
cinzas claros. Porém, encontram-se em maior quantidade as de tons amarelados.
Estas o menos duras e se desgastam com maior facilidade, não permitindo
trabalhos de grande rigor e delicadeza. [...] Dados que são procedentes de rochas
sedimentares, de origem orgânica, aparecem por vezes com manchas, de minerais,
na sua composição. São visíveis em alguns casos, marcas na sua textura, veios e
grânulos de cores diferentes. Essas pedras devem ser evitadas, dado que podem
causar problemas durante a impressão e arruinar um trabalho.
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As fragas ou pedras do NAC/UFPB, estão armazenadas em fileiras e de forma que
podem causar algum acidente ou até mesmo deteriorar outras que se encontram
bastante próximas, na verdade, encostadas umas nas outras. O maquinário está muito
desgastado, as estantes com portas quebradas, enferrujadas e tintas mal armazenadas
sem quase utilidade ou validade. Abaixo, algumas imagens que extrapolam a realidade
do recinto durante o período de pesquisa:
Figura 9 Arquivo litográfico NAC/UFPB de julho a outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Figura 10 Arquivo litográfico NAC/UFPB de julho a outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
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Figura 11 Arquivo litográfico NAC/UFPB de julho a outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Figura 12 Arquivo litográfico de julho a outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
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Figura 13 Arquivo litográfico NAC/UFPB de julho a outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Figura 14 Arquivo litográfico NAC/UFPB de julho a outubro de 2021
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2021.
Nas figuras 9 a 14 registradas durante a pesquisa, nos meses de julho a outubro
de 2021, o arquivo litográfico do NAC/UFPB, se revela de uma forma muito drástica.
Enquanto discutimos arquivo, patrimônio, história, memória e conscientização, a maior
virtude para seguir com este projeto, foi justamente esta, uma função que acima de tudo
é social e de alerta. Por mais que muitos colaboradores, pesquisadores e artistas que por
ali passaram tenham vociferado por égide, nada mais justo e nobre que expor em forma
de pesquisa acadêmica para que muitos jovens tenham acesso e passem a agregar maior
conhecimento da atual realidade do patrimônio de nossa cidade, assim como também de
seus arquivos e preciosidades que por seguinte acarretam as dores do esquecimento.
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Como descrito anteriormente, o maquinário, como a prensa, que poderia servir a
oficinas ou até mostruário, se encontra em péssimas condições, idênticos aqueles
encontrados em ferros velhos no século passado. Armários quebrados, sujos, paredes
úmidas e até com vegetação implantada, e total falta de segurança, assim se encontra o
acervo das pedras litográficas do NAC/UFPB.
Diante deste contexto, constatamos que tanto o NAC quanto seus arquivos e
relíquias, são de suma importância para nossa sociedade e trajetória, tanto um quanto o
outro pode se reerguer e voltar a refletir às gerações suas ricas artes e culturas, de
diversas formas, minuciosidades e raridades, ambos são fortes espaços de encontro e
dinamismo, impulsionando em voz alta que nosso patrimônio está vivo e continuará,
mesmo que tenhamos que aguardar.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, discorremos a magnitude que um patrimônio conservado pode
ter, seja em agregar memória, identidade, revelar costumes antigos, resguardar meios e
modos de arte, histórias e acima de tudo consciência da importância de sua existência,
não para a pesquisa, mas para a vida em geral. Constatamos a necessidade de mais
pesquisas que levem ao externo o sentido e a significância de constituirmos percursos
unitários e salubres para o transcorrer da proteção de nossa identidade.
Assim, a negligência em adotar uma abordagem preventiva no cuidado de
acervos resulta em consequências alarmantes e muitas vezes irreversíveis, levando, em
diversas situações, à deterioração e eventual perda irrecuperável de registros de valor
inestimável. Logo, a conservação preventiva vem sendo amplamente difundida e
adotada em diversos segmentos culturais, conscientes de que somente por meio de um
trabalho preventivo se efetuará a consolidação da salvaguarda do acervo. Mesmo que
uma política forte de conservação possa parecer onerosa inicialmente, é crucial
reconhecer que muitas intervenções eficazes não exigem investimentos significativos e
podem substancialmente mitigar danos causados por influências externas e internas ao
acervo.
Neste sentido, é importante destacar que, no contexto de recuperação e acesso à
informação, as demandas direcionadas ao NAC/UFPB indicam vários desafios e visões
para a preservação de seus documentos litográficos. Portanto, ao lidar com um acervo
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vulnerável ao desgaste temporal e a perdas, e diante das restrições estruturais,
financeiras e de pessoal, é imperativo realizar um inventário detalhado, definindo itens
prioritários para cuidados imediatos. A formação contínua da equipe em práticas de
conservação é crucial, assim como o investimento em equipamentos específicos e a
reavaliação do espaço físico de armazenamento, aliada a monitoramentos periódicos,
assegura a integridade e a longevidade do acervo.
É essencial que a Universidade Federal da Paraíba estabeleça uma política
institucional que analise as necessidades da documentação, preservação e gestão de seu
patrimônio cultural reconhecendo os documentos litográficos do NAC/UFPB como uma
prioridade institucional, dado a importância desse acervo para a memória da sociedade
paraibana.
Anelamos que, com a porta aberta por esta pesquisa, novos trabalhos sejam
construídos, e que contenham as benfeitorias conquistadas, seja na matéria tocante,
palpável deste patrimônio, como também no que se refere a conquista educacional com
mentes atentas e mãos fortes na iminência do fazer acontecer e do perpetuar.
Apontamos este estudo para os que anseiam saber mais sobre a real situação do
NAC/UFPB e seus acervos, para a ampliação da necessidade do recriar, renovar, refazer
e reabrir.
Neste sentido, a partir da riqueza iconográfica presente na coleção de pedras
litográficas do NAC/UFPB marcada pela técnica, artistas, temáticas e períodos históricos,
chamamos atenção para a relevância desse patrimônio inexplorado, intensificando seu
valor como objeto de reflexão do conhecimento.
Conclui-se que é perceptível a necessidade da preservação da documentação
armazenada nos arquivos, uma vez que os documentos públicos podem e devem ser
acessíveis à sociedade.
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