Processos de inclusão/exclusão social: como os usuários de crack enxergam suas trajetórias de vida

Autores

Palavras-chave:

Inclusão/exclusão, políticas públicas, crack, humilhação.

Resumo

Este artigo parte de uma pesquisa realizada no âmbito da iniciação científica que esteve envolvida com o tema das políticas públicas de enfrentamento ao crack e tem como objetivo compreender como os usuários do interior do estado de São Paulo entendem suas trajetórias de vida e as experiências de institucionalização e marginalização que foram submetidos. Tomamos contato com os participantes do estudo (dois usuários de crack) no contexto das ações municipais de atenção às drogas, buscando entender, a partir de entrevistas em profundidade, o que pensam sobre a própria vida e o contexto que o cercam. Desse modo, agrupamos alguns temas comuns entre os dois participantes, que não refletem apenas aspectos similares dos discursos, mas também elementos que se aproximam, distanciando-se ao mesmo tempo, assim como propõe o materialismo histórico-dialético (Martins, 2006), de modo que pudemos formar três categorias síntese de análise das duas entrevistas, podendo concluir que os sujeitos apresentam condições de vida similares marcadas pela desigualdade social, isolamento e humilhação. Assim, ao longo da trajetória de vida na rua vão internalizando os juízos depreciativos sobre si mesmos e os manifestam por meio do sentimento de vergonha. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanessa Eda Paz Leite, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

Residente em Saúde Mental do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas - Unicamp

Antonio Euzébios Filho, Universidade de São Paulo - USP

Professor assistente doutor do Instituto de Psicologia da USP, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho. 

Referências

Bastos, F.I.; Bertoni, N. (2014). Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? quantos são nas capitais brasileiras? Rio de Janeiro: Editora ICICT/FIOCRUZ

Brasil (2013). Crack, é possível vencer: enfrentar as drogas. Compromisso de todos. Disponível em: http://www.pucsp.br/ecopolitica/downloads/cartilhas/1_C_2013_Crack_possivel_vencer_material_informativo.pdf> Acessado em: 11/08/2015.

Coimba, C. (2001). Operação Rio: o mito das classes perigosas. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, Intertexto.

Conselho Federal de Psicologia (2010). Parecer do Conselho Federal de Psicologia sobre o Projeto de Lei nº 7663/2010. Brasília, DF. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/03/Parecer-Conselho-Federal-de-Psicologia-PL-7663-2010.pdf Acessado em 12/07/2015

Conselho Federal de Psicologia. (2011). Relatório da 4ª Inspeção Nacional da Comissão de Direitos Humanos: locais de internação para usuários de drogas. Brasília, DF. Disponível em http://www.apt.ch/content/files/npm/americas/Relatorio_Inspecao_Direitos_Humanos.pdfAcessado em 03/08/2015

Coutinho, C. N. (1979). A democracia como valor universal. Encontros com a Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, n. 9, p. 33-47.

Euzébios Filho, A. (2011). Psicologia e desigualdade social: um estudo sobre a consciência política de beneficiários de programas de transferência de renda. Curitiba: Juruá.

Euzébios Filho, A. (2016). Sobre ideologias e programas de transferência de renda no Brasil. Psicologia & Sociedade, 28(2), p. 257-266.

Fonsêca, C. (2012). Conhecendo a redução de danos enquanto uma proposta ética. Psicologia & Saberes, 11-36. Disponível em: <http://conselheiros6.nute.ufsc.br/ebook/medias/pdf/redua%C3%A7%C3%A3o%20de%20danos%20uma%20proposta%20%C3%A9tica.compressed.pdf> Acessado em 24/09/2015.

Fromm, D. (2014). Deus e o diabo na terra do crack: uma etnografia da “cosmopolítica” batista. Tese de conclusão de curso, Programa de graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP.

Guareschi, P. (2001). Pressupostos psicossociais da exclusão: competitividade e culpabilização. Em B. Sawaia. (Org.) As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 141-156.

Hofling, E. M. (2001). Estado e políticas (públicas) sociais. Cadernos Cedes, 55, 30-41. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n55/5539.pdf Acessado em: 04/06/2015.

Kosik, K. (1976). Dialética do concreto. Rio de Janeiro, RJ: Editora Paz e Terra.

Lüchmann, L. H. H. ; Rodrigues, J. (2007). O movimento antimanicomial no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, vol.12, no.2, p.399-407. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a16v12n2.pdf> Acessado em: 30/08/2016

Maricato, E (2000). As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias: planejamento urbano no Brasil. Em Arantes, O.;Vainer, C.; Maricato, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis, RJ: Vozes. P. 121 - 192

Martins, L. M. (2006). As aparências enganam: divergências entre o materialismo histórico e dialético e as abordagens qualitativas de pesquisa. Em Anais da 29ª. Reunião Anual da ANPEd. Caxambu.

Marx, K. (1859/2008). Prefácio.Em: Uma contribuição para a crítica da economia política. São Paulo, SP: Expressão Popular, 45 – 51.

Minayo, M C de S. (2002). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes.

Moura Jr., J. F., Ximenes, V. M. y Sarriera, J. C. (2013). Práticas de discriminação às pessoas em situação de rua: histórias de vergonha, de humilhação e de violência em Fortaleza, Brasil. Revista de Psicología, 22 (2), 18-28.

Paugam, S. (2001). O Enfraquecimento e a Ruptura dos Vínculos Sociais – uma dimensão essencial do processo de desqualificação social. Em B. Sawaia. (Org.) As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 67-86.

Resolução CFP nº. 10/2012(2012). Código de ética em pesquisa do Conselho Federal de Psicologia, dispõe sobre a atuação do psicólogo. Disponível em: http://site.cfp.org.br/legislacao/resolucoes-do-cfp/ Acessado em: 07/08/2015

Rui, T. (2013). Depois da “Operação Sufoco”: sobre espetáculo policial, cobertura midiática e direitos na “cracolândia” paulistana. Em Contemporânea, 3, 287-310.

Sawaia, B. (2001). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis, RJ: Editora Vozes.

Wanderley, M. B. (2001). Refletindo sobre a noção de exclusão. Em B. Sawaia. (Org.) As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 16-26.

Downloads

Publicado

2018-07-01

Como Citar

Paz Leite, V. E., & Euzébios Filho, A. (2018). Processos de inclusão/exclusão social: como os usuários de crack enxergam suas trajetórias de vida. Revista De Psicologia, 9(2), 107–116. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/11811

Edição

Seção

Artigos